Precisa falar que esse ataque ao direito de greve se volta contra as demiais categorias. Se eles podem perseguir os PMs vão demitir e perseguir outras categorias.
O governo de Camilo Santana (PT-CE), homem de confiança da oligarquia dos Ferreira Gomes, informou na quinta (20) que instaurou 300 IPM’s (Inquérito Policial Militar) para “apurar” atos de vandalismo e insubordinação dos policiais militares grevistas.
Esse ataque ao direito de greve é um ataque a todas as demais categorias. Se a perseguição aos militares, que são profissionais da violência, que estão armados, dá-se dessa forma, dá para se ter uma noção clara de como o Estado irá perseguir e demitir outras categorias, desarmadas e com menor nível de organização.
Os Ferreira Gomes já reprimiram greves de PM’s, inclusive com demissões
É interessante e ilustrativo notar que essa política de reprimir greves de policiais militares não vem de hoje e sempre foi algo reacionário. Há 7 anos, em 2013, durante mandato do governador Cid Gomes (então no PSB) o Diário Oficial do Estado do Ceará (DOU-CE) publicou demissões de policiais militares. Entre os demitidos estavam o presidente da Associação dos Cabos e Soldados Militares do Ceará (ACSMCE), Pedro Queiroz, e o dirigente da associação, Flávio Sabino.
O argumento contido na publicação no DOU era de que os militares foram “julgados incapacitados de permanecer no serviço ativo da Policia Militar”, devido a sua “participação ativa numa reunião/assembleia e inequívoca demonstração de liderança no movimento, caracterizando tais atos, como contrários aos valores militares.”
Além disso, segundo o presidente da associação, em matéria do portal Diário do Ceará, foram ao todo 44 policiais militares e 21 bombeiros processados na ocasião.
“Ele [Cid Gomes] quer reprimir a categoria. Prometeu a melhor segurança do mundo… e deixa a gente transtornado. É uma pessoa intransigente… Mas o governador passou a ter poder absoluto. Os outros poderes chegam até a temer ir contra as decisões dele. Não consigo entender como pode um país republicano e democrático deixar um chefe conseguir fazer tais atitudes e nenhum outro poder agir contra”, afirmou Queiros.
Dentre as reivindicações da época estavam a implantação de um auxílio alimentação de R$ 220 por mês, a promoção de servidores, escala de serviço de 40 horas semanais e reajustes salariais de 2013 e 2014 e a elaboração de um Código de Ética. O que mostra que a greve não precisa ter um fundo miliciano para ser reprimida, basta que tenha reivindicações salariais (como tem hoje) e resulte na organização da base dos militares contra seu comando direto e em última instância contra o governo estadual e o Estado capitalista.