No dia 19 de janeiro desse ano, a organização morenista MAIS (Movimento Por uma Alternativa Independente e Socialista) publicou, em seu portal Esquerda Online, um editorial intitulado “Bolsonaro e as armas: o decreto que aumentará a violência no Brasil”. Pegando carona nas declarações da imprensa burguesa, o editorial é uma campanha aberta pelo completo desarmamento da população.
O editorial inicia com a alegação de que “estudos científicos” provariam que a posse de armas seria um fator diretamente relacionado com o aumento da violência. Tais “estudos” – que, na verdade, não são apontados diretamente pelo editorial – não passam de manipulações grotescas da imprensa burguesa internacional. Não há nenhum estudo científico que prove que o direito democrático de possuir armas aumente a violência em um dado país – o que há, de maneira muito clara, é o interesse da direita de manter os trabalhadores desarmados.
Após levantar a questão dos “estudos científicos”, o editorial afirma que o decreto assinado pelo presidente ilegítimo para a flexibilização da lei de posse de armas “concretiza o modo autoritário com o qual Bolsonaro pretende governar”. Obviamente, o decreto não tem nada a ver com o maior ou menor autoritarismo do governo Bolsonaro – isso será definido pela luta política que for travada no interior do regime político.
O editorial também tenta relacionar o decreto do governo golpista com a formação de milícias fascistas – trata-se, naturalmente, de mais uma falácia para defender o desarmamento dos trabalhadores. As milícias fascistas são organizadas e financiadas pela burguesia, que é a classe que controla todas as instituições no país. Desse modo, as milícias não precisam de autorização legal para existirem, já têm os seus embriões urbanos armados e já estão atacando a população impunemente a partir dos grupos fascistas.
A campanha do MAIS contra o decreto assinado pelo governo Bolsonaro faz parte de uma manobra da burguesia, que conseguiu colocar um grande número de setores da esquerda nacional a seu reboque. A política pacifista, anti-armamentista, nada tem a ver com a política de um partido revolucionário ou que se coloque na defesa dos trabalhadores.
A burguesia já se encontra armada até os dentes. As Forças Armadas, a Polícia Militar e as guardas municipais estão todas de armas na mão para reprimir a população. Como se não fossem suficientes, os seguranças particulares e os jagunços no campo também possuem carta branca para matar. Diante disso a única posição que um partido operário pode ter é a de defender incondicionalmente o armamento dos trabalhadores. É essa a posição histórica dos partidos que levaram adiante uma verdadeira luta política e é a única posição capaz de preparar um enfrentamento com a classe dominante.