O escandaloso pênalti anulado aos 49 minutos do segundo tempo foi o que faltava para o leão rugir contra os abusos cometidos com o auxílio tecnológico do VAR. Perdendo por um gol para o Palmeiras, o clube pernambucano reclamou de dois pênaltis não marcados num espaço de tempo muito pequeno. Pior, o segundo até foi marcado pelo árbitro mas pouco depois desmarcado pela intervenção do árbitro assistente de vídeo.
O Sport encontra-se na 14ª posição na tabela, pouco acima da temida zona do rebaixamento. Abaixo do Leão do Norte, outros quatro clubes figuram entre os mais prejudicados pelo VAR: Vasco, Goiás, Botafogo e Coritiba.
Em contraste, os outros dois clubes que orbitam na parte inferior da tabela figuram entre os que têm saldo positivo, mesmo que pequeno, de VAR: Fortaleza e Bahia. Esse fato mostra que o VAR pode ser um fator de peso na disputa pela permanência na Série A do Campeonato Brasileiro.
Conforme a competição avança, aumenta a tensão devido ao risco do rebaixamento. Um clube centenário como o Sport não poderia mesmo deixar passar batida essa manipulação. Na segunda-feira, uma nota oficial foi publicada no site do clube expondo as demandas do Sport que foram protocoladas junto à CBF.
Talvez os pedidos mais contundentes da nota sejam a não utilização do VAR nos jogos que o clube ainda tem pelo Brasileirão e a anulação da última partida, contra o Palmeiras. Essa manifestação relaciona diretamente a situação do clube com as decisões mediadas pelo árbitro assistente de vídeo.
Outros pontos abordados foram a perícia técnica de vídeo dos dois lances de pênalti do último jogo e o acesso ao áudio da comunicação entre o árbitro de campo e do VAR. Em 2019, o Grêmio solicitou e teve acesso, na sede da CBF, ao áudio da cabine do árbitro de vídeo de um jogo contra o Athletico Paranaense. Um pênalti não marcado deixou o tricolor gaúcho fora da final da Copa do Brasil.
Esse é um dos aspectos mais nebulosos que envolver o VAR: as conversas eletrônicas ao pé do ouvido do árbitro. A falta de transparência no uso dessa ferramenta mostra que o propósito do seu uso nunca foi acabar com os erros de arbitragem, mas dar um verniz tecnológico à manipulação dos resultados.
Direta e indiretamente, o futebol movimenta muito dinheiro. Por isso, não são raras as tentativas de manipulação dos resultados dos jogos. Nesse contexto, o VAR caiu como uma luva
Confira abaixo a nota do Sport na íntegra:
NOTA OFICIAL – AÇÕES DO SPORT REFERENTE À ARBITRAGEM
O Sport Club do Recife vem por meio desta nota, esclarecer os procedimentos tomados em relação aos fatos ocorridos em relação as arbitragens dos jogos do Sport, disputados no Campeonato Brasileiro de 2020/2021, em especial, no último jogo, diante do Palmeiras, no último sábado (09), na Ilha do Retiro.
Abaixo, listamos os pedidos feitos em ofício protocolado na Confederação Brasileira de Futebol (CBF):
1. Oferecer denúncia ao quadro de árbitros e do VAR, de acordo com o artigo 259 do CBJD;
2. Requer a anulação da partida em razão do descumprimento das Regras e Disposições do IFAB, conforme fundamentação anexada ao pedido;
3. Requer a não utilização de arbitragem de vídeo (VAR) nos jogos a serem disputados pelo Sport na Série A 2020;
4. Requer perícia técnica de vídeo dos lances em questão, e áudio da comunicação entre árbitros de campo de do VAR, dando ciência ao clube de todo o conteúdo;
Que fique claro que, em momento algum, o Sport solicitou e/ou mencionou a retirada ou veto de qualquer nome da Comissão Nacional de Arbitragem, como também nunca cogitou ou cogitará, qualquer ato de desobediência às regras do futebol, que deve ser jogado em campo, com honra e altivez, características natas aos que fizeram e fazem o Sport Club do Recife.
Recife, 11 de janeiro de 2021
Carlos Frederico Fernandes de Melo