Na mesma semana em que os jornais golpistas Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo afirmaram que os governos já gastaram “demais” com o “combate” à pandemia, surge a notícia de que o Exército brasileiro teria realizado o maior exercício militar de sua história. Pelo menos R$6 milhões foram gastos durante uma simulação de guerra contra a Venezuela na região amazônica. O treinamento ocorreu entre os dias 8 e 22 de setembro.
Há algum conflito histórico, ou mesmo momentâneo, entre o Brasil e a Venezuela? Não. Mas o motivo pelo qual o Brasil — leia-se o governo Bolsonaro — estaria tão interessado em um conflito com a Venezuela pode ser respondido por outro evento na Amazônia: a visita do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo no mesmo período em que ocorria o treinamento.
Não se sabe exatamente tudo o que foi discutido entre Pompeo e o governo brasileiro. Mas sua visita ao estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela, já é, em si, uma clara provocação do imperialismo norte-americano contra o país governado por Nicolás Maduro. Agora, com as informações de que havia uma simulação de guerra em curso, fica ainda mais claro que se tratava de uma conspiração contra o povo venezuelano.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, é possível comprovar não só o investimento de R$6 milhões, como também algumas das operações que foram feitas. Entre elas, está o lançamento de mísseis com alcance de 80 quilômetros. O Exército, por sua vez, afirmou que “foram empregados diversos meios militares, tais como viaturas, aeronaves (aviões e helicópteros), balsas, embarcações regionais, ferry-boats, peças de artilharia, o sistema de lançamento de foguetes Astros da artilharia do Exército, canhões, metralhadoras, ‘obuseiro’ Oto Melara e morteiros 60, 81 e 120 mm, além de veículos e caminhões especiais”.
A simulação, além de grandiosa do ponto de vista do investimento, foi também bizarra, revelando seu conteúdo abertamente fascista. Segundo relatos, os militares criaram um campo de guerra em que um suposto país “Vermelho” teria invadido um país “Azul”, sendo necessário expulsar os invasores. Uma clara alegoria do “comunismo” enquanto uma força terrorista que deveria ser varrida do planeta.
A possibilidade de guerra entre o Brasil e a Venezuela apenas existe porque a guerra entre o imperialismo e o país caribenho tem se tornado cada vez mais inevitável. E o Brasil, embora não seja um país imperialista, está sendo administrado pelos setores mais entreguistas e serviçais já vistos. Desde o governo de Michel Temer, golpista que agiu como agente da CIA ao mesmo tempo em que presidia o País, o Brasil tem se aliado à política desastrosa, criminosa e assassina dos Estados Unidos em relação aos governos nacionalistas dos países atrasados.
A tomada de posição em favor do imperialismo nos conflitos como o Irã, o Líbano e a Venezuela não beneficia em absolutamente nada o Brasil ou qualquer outro país oprimido. Nem mesmo Bolsonaro e seus aliados alimentam a mínima ilusão de que receberão alguma partilha da Venezuela após uma vitória bélica do imperialismo. A defesa dos interesses imperialistas na América Latina visam apenas a permitir que a burguesia golpista que derrubou Dilma Rousseff e prendeu o ex-presidente Lula recebam as migalhas que o imperialismo entrega aqueles que rastejam a seus pés. Querem, a troco de contentar meia dúzia de vigaristas profissionais, transformar o Brasil inteiro em uma bucha de canhão dos Estados Unidos na América Latina.