Fracassou a tentativa do presidente francês, Emmanuel Macron, de por fim às mobilizações operárias. Desde 05/12 a França está paralisada com greves e manifestações contra a reforma da previdência, que tenta jogar nos ombros dos trabalhadores franceses a conta da crise provocada pelos capitalistas. Como ocorreu no Brasil, a burguesia francesa busca atacar as aposentadorias dos trabalhadores para contornar a depressão econômica iniciada em 2008 e que tem provocado uma ampliação cada vez mais aguda e dramática da crise histórica do capitalismo.
O desespero de Macron com os transtornos causados pelo movimento, principalmente nos transportes, aumentou com a ameaça que as greves impuseram à realização das festividades de fim de ano. Durante as negociações com as lideranças dos trabalhadores, o representante dos bancos chegou a anunciar que renunciará a aposentadoria que teria direito como ex-presidente, no valor de €6.220,00, além dos €13,5 mil referentes ao cargo vitalício no Conselho Constitucional, uma proposta tão demagógica que chega a ser um insulto. Isso por que o valor pode representar uma fortuna para a maioria dos trabalhadores do planeta, mas não passa de balinha de troco para o homem de confiança dos Rothschild, além de não significar nada no orçamento do governo francês, o que é óbvio para qualquer ser humano dotado de uma inteligência mediana. Muito diferente da situação dos trabalhadores, que não podem abrir mão de sua aposentadoria e dependem dela para uma velhice minimamente digna.
A tragédia social que se abateu sob o Chile pela situação dos idosos, tomados pelo mais absoluto desespero a ponto de cometerem suicídio em massa depois de uma vida inteira marcada pela superexploração típica a que são submetidos os trabalhadores das nações atrasadas, demonstram com muita clareza os riscos de se deixar a burguesia avançar sobre a aposentadoria da classe trabalhadora.
Outra demagogia utilizada pelo governo e amplamente divulgada pela imprensa burguesa é uma suposta preocupação com a proximidade das festas natalinas e a perspectiva das famílias serem prejudicadas. Para a direita, as greves dos trabalhadores ameaçam as pessoas que precisam viajar para passar o natal com suas famílias. Curioso como o mesmo zelo com a família não é observado quando se trata de permitir aos idosos franceses que se aposentem e possam curtir a companhia de seus familiares. Além disso, se a preocupação da burguesia não fosse mera retórica, bastaria ao governo cancelar a proposta que tem motivado as greves. Como se trata de demagogia barata, o governo, através do secretário de Estado para Previdência, Laurent Pietraszewski, garantiu que “não vai ceder” no ataque, opinião compartilhada pelo primeiro-ministro Édouard Phillippe.
A insolência do governo francês, contudo, não encontrou simpatia alguma por parte dos trabalhadores, que negaram amplamente a proposta de trégua e obrigaram até mesmo as organizações mais conservadoras do movimento a manterem a greve. Com isso, a tendência é que o enfrentamento se torne mais acirrado.