No último dia 19, uma segunda-feira, anoiteceu mais cedo em São Paulo. Cerca de 16h o céu ficou escuro, e uma chuva escura caiu sobre a cidade completando o cenário apocalíptico. Esclareceu-se depois que o fenômeno foi provocado pela fumaça das queimadas na Amazônia, o que chamou atenção para o problema. O governo da direita golpista foi diretamente responsável pelo aumento das queimadas, com o incentivo a essas ações e reiteradas promessas de impedir a fiscalização. Diante disso, o imperialismo aproveitou a brecha para avançar em um plano já antigo de intervenção na Amazônia, que constitui 59% do território nacional e contém muitos recursos naturais.
Na quinta-feira daquela mesma semana, dia 22, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi ao Twitter para declarar que “nossa casa está pegando fogo”, referindo-se à Amazônia, avisando que o tema seria discutido dali a dois dias, no sábado, quando começaria o encontro do G7, que reúne os líderes dos países mais ricos do mundo.
Trata-se de um encontro de países imperialistas para discutir suas contradições e, ao mesmo tempo, como continuar no controle da economia mundial. A discussão sobre a Amazônia é apresentada na imprensa capitalista como se fosse, genuinamente, uma discussão sobre meio ambiente. No entanto, a Amazônia é na verdade um alvo.
Como resultado do encontro do G7, ofereceram uma “ajuda” ao Brasil de €20 milhões (R$96 milhões) para combater os incêndios na Amazônia. Sob a aparência de uma bem intencionada “ajuda”, essa já é uma forma de começar a se intrometer na região. O G7 também propõe levar à ONU um plano de reflorestamento a médio prazo, que seria condicionado à participação de ONGs nessas ações. Ou seja,a pretexto de reflorestar a Amazônia, o imperialismo poderia infiltrar seus agentes em uma área de seu interesse, contra os interesses nacionais.
Ainda durante o encontro do G7, já na segunda-feira (26), Macron continuou com suas declarações intervencionistas. Dessa vez, quando respondia a uma pergunta sobre “internacionalização da Amazônia”, o presidente da França disse que “a verdade é que associações, ONGs, e atores internacionais, inclusive jurídicos, questionaram em diversos anos se era possível definir um status internacional para a Amazônia”.
E questionou a soberania dos países que têm partes da Amazônia: “é realmente uma questão que se coloca: se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta? Então, aí haveria todo um trabalho jurídico e político a ser feito”.
Já nem é preciso procurar em outro lugar que não seja nas próprias palavras de Macron as reais intenções do imperialismo quando sua imprensa levanta a questão “ambiental” da Amazônia. Não passa de uma desculpa para violar a soberania nacional dos países que têm território na floresta. Enquanto se apresenta como defensor da Amazônia, Macron na verdade defende os interesses econômicos imperialistas da França na Amazônia, o que é muito diferente.
Não por acaso, a França até já tem seu posto avançado para uma ofensiva na Amazônia. A Guiana Francesa, em plena América do Sul, é parte da França. Uma colônia de exploração típica do século XIX, que hoje tem status de “departamento” ultramarino. E é justamente a França, com uma colônia em um território continental na América do Sul, que lidera a campanha por uma intervenção “ambiental” na Amazônia.
Macron, como os outros governantes de países imperialistas, não é um defensor da Amazônia. É um potencial saqueador da Amazônia, e ninguém deve aceitar mais esse saque ao País. A Amazônia dentro do Brasil é do Brasil.