Dados oficiais divulgados pelo governo francês, por meio do ministro do Interior, Christophe Castaner, no começo da noite de ontem, anunciavam que 125 mil pessoas teriam saído às ruas na quarta rodada de manifestações que há um mês tomam conta do País. Os dados repetidos pelos assustados jornais burgueses, certamente eram falsos.
O mesmo governo anunciou que teria mobilizado exatamente 89 mil integrantes das forças de repressão (uma para cada 1,5 manifestante!). Grande parte do comércio fechou. “A maioria dos museus e monumentos, da Torre Eiffel à catedral de Notre Dame”, ficaram fechados. Espetáculos foram cancelados em pleno sábado.Pelo menos, 1.385 pessoas foram presas e mais de 120 manifestantes e 17 policiais feridos. Dados que evidenciam que se tratou da maior de todos os protestos até o momento.
Estimativas independentes falam de mais meio milhão de pessoas as ruas de todo o País, tendo como centro as manifestações de Paris, com enorme enfrentamento com a Polícia e onde as manifestações foram dominadas pelos gritos de Macron dimisión! , o equivalente francês ao “Fora Macron!” e pela entoar de A Marselhesa, hino da França, de origem revolucionaria (séc. XVIII), que proclama no seu refrão: “Às armas, cidadãos, Formai vossos batalhões, Marchemos, marchemos! Que um sangue impuro, Banhe o nosso solo!”.
O problema central para o governo e toda a burguesia – e, inclusive, para setores da esquerda – é que as manifestações mostraram, de forma inequívoca, a superações da política das direções (da direita e da esquerda) que propuseram cancelar as manifestações diante do recuo do governo que – com medo das manifestações – anunciou no meio da semana que não apenas estava suspendendo o aumento dos combustíveis programados para 1 de janeiro, como o congelamento dos preços dos mesmos durante todo o ano de 2019.
Setores da direita e da esquerda, trataram de buscar uma conciliação com o governo Macron, justamente porque as manifestações ganharam contornos de uma verdadeira rebelião popular, se ampliando das manifestações de fim de semana, para setores operários, universidades e escolas.
Ainda no meio da semana, a repressão a uma manifestação estudantil, com mais de 150 estudantes (de 12 a 18 anos) detidos provocou enorme revolta em todo o Pais e fez crescer a disposição de sair às ruas da juventude e dos trabalhadores, mesmo diante da campanha feita pela imprensa burguesa e pelos partidos contra a manifestação.
As mobilizações desse sábado mostraram que centenas de milhares de manifestantes, representando milhões de franceses, superaram a política de conciliação com o governo neoliberal de Macron e resolveram “demiti-lo”.
A possibilidade da derrubada do governo de direita por meio da mobilização revolucionária das massas está impondo à França a maior crise do País das últimas décadas e pode apontar no sentido de uma mudança na situação politica na Europa e em todo o mundo.
Vive la France! Salve a mobilização das massas francesas contra a ofensiva reacionária da direita que quer esfolar o povo, em todo o mundo, para defender os interesses do capitalismo imerso em uma crise histórica que só pode ser superada por meio da mobilização revolucionária das massas, pela organização independente da burguesia dos trabalhadores e da juventude, em partidos operários e revolucionários.