Um grupo de índios *Guajajara, localizados no Maranhão, formou um grupo de autodefesa armado para enfrentar os ataques de madeireiros às suas terras. O grupo tem o objetivo de interromper a invasão e o processo de desmatamento na Terra Indígena (TI) Araribóia, alvo da cobiça de madeireiros que tem destruído suas terras.
A terra Araribóia, foi definida como Terra Indígena em 1991, mas desde então nunca houve a presença do Estado para garantir os limites da área demarcada e que os direitos dos indígenas fosse respeitado.
O grupo, criado em 2008, após diversos episódios de assassinatos de indígenas em suas próprias terras, ficou conhecido como Guardiões da Floresta, e tem sido reconhecido pelas comunidades Guajajaras de todo o Estado como uma via real para enfrentar e reagir à violência dos madeireiros. Tanto que diversas outras tribos em toda a Amazônia têm criado seus próprios grupos de defesa com o mesmo nome de Guardiões da floresta.
Neste sentido, a ação das lideranças indígenas tem sido correta e a própria experiência prática tem mostrado que os povos indígenas somente terão seus direitos respeitados na base da força, pois os grupos de madeireiros, latifundiários e mineradores fazem parte da mesma burguesia golpista e desrespeitadora dos direitos humanos que deu o golpe de Estado em 2016 e está na presidência da república. Da boca do próprio presidente (ilegítimo) Jair Bolsonaro já saíram diversos impropérios que atacam diretamente os povos indígenas, e os reflexos desta postura oficial do governo federal já tem resultados claros. Somente nos primeiros meses de 2019, o desmatamento na Amazônia cresceu 54% e, após as declarações dele sobre a legalização da mineração em terras indígenas, mineradores já começaram a atacar as terras indígenas e cometendo assassinatos (veja aqui).
Assim, ressaltamos que a ação dos índios Guajajara deve ser ampliada, criando comitês de autodefesa em todos os lugares que seus direitos estiverem ameaçados, assim como o mesmo serve para os trabalhadores do campo que lutam pelo direito de ter uma terra para viver, integrantes ou não do MST. O Estado capitalista é uma máquina voltada a atender os interesses da classe dominante, que neste caso é a burguesia, por isso os povos que estão mais vulneráveis não devem ficar esperando passivamente ações burocráticas, devem buscar meios práticos de se defender e garantir a sua sobrevivência e sua cultura.
*Os Guajajara compõem uma das etnias mais numerosas do Brasil, segundo o Instituto Socioambiental (ISA). De acordo com dados da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) de 2014, estima-se uma população de 27.616 pessoas; de acordo com o Censo do IBGE de 2010, mais de 8.000 falavam a língua guajajara. Dados do Instituto Socioambiental apontam também que, na Terra Indígena Araribóia, existem 5.317 pessoas em uma área de 413 mil ha.