Um grupo indígena de autodefesa intitulado “Guardiões da floresta” encontrou no mês de agosto uma fazenda de gado dentro de território indígena Araribóia, localizado no sul do Maranhão.
O território Indígena Araribóia é habitado por três povos: os Awá Guajá, Guajajara e pelos Awá isolados, tendo, aproximadamente, 5317 habitantes. Diante dessas situações de invasões de fazendeiros para criação de gado, madeireiros e outros grupos econômicos, os indígenas se encontram, especialmente neste período de pandemia, ameaçados. A ameaça é tanto pela retirada de suas terras através das formas violentas conhecidas historicamente, como pela própria aproximação e disseminação de doenças. Destaca-se que se tem, dentro dessa terra, um grupo indígena isolado, ou seja, que não teve ou teve pouco contato com pessoas de fora do seu povo, tendo, com isso, menos capacidade de sobreviverem às contaminações de doenças que nossa civilização pode transmitir, por exemplo, o Covid-19.
Os denominados “Guardiões da floresta” organizam as fiscalizações do território e tem por objetivo evitar esses tipos de invasões e atividades de exploração dos recursos naturais feitas por latifundiários e de forma ilegal. Esse grupo de autodefesa, por conta da sua política assertiva é sempre alvo de ataques. No ano de 2019 ocorreu a execução de um de seus líderes, Paulo Paulino Guajajara. Ele foi executado por madeireiros e, na ocasião, seus companheiros indígenas denunciaram o crime como sendo um resultado da política bolsonarista. Destacaram o aumento das perseguições aos indígenas no governo golpista, do sucateamento dos órgãos de proteção destinados aos índios e o incentivo a invasões de terras e extermínio do povo indígena dado pelo próprio presidente que é declaradamente contra a existência de qualquer grupo de setores vulneráveis da sociedade.
Em agosto deste ano, na ocasião de suas patrulhas rotineiras, os “Guardiões da floresta” identificaram a atividade criminosa de criação de gado em suas terras. Eles coletaram materiais comprovando a invasão e destinaram aos órgãos que deveriam colaborar com a proteção da região e do povo indígena. Destacaram a demora das instituições e da dificuldade de receberem apoio governamental. Ao que indicam, o poder público esteve presente no local durante os dias 14 e 20 de setembro para uma operação.
Diante dessa realidade, é importante destacarmos a atitude assertiva desse grupo indígena no que diz respeito à política adotada de autodefesa. Não se pode confiar nas instituições burguesas, especialmente quando elas assumem declaradamente posturas criminosas e contrárias aos interesses do povo. Essa postura deve ser tomada como um exemplo e disseminada aos outros grupos de luta pela terra contra a grilagem, a violência e contra o latifúndio.