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Lutar contra o bolsonarismo prejudica a democracia, diz Alencastro

Em matéria publicada no jornal golpista Folha de S. Paulo e comentada também no sítio jornalggn, o cientista político Mathias de Alencastro apresenta uma tese muito peculiar. De acordo com ele, diante da ascensão da extrema-direita tanto no Brasil quanto em todo mundo, a solução não seria a mobilização popular, mas sim a formação de uma “frente ampla”, quer dizer, a aliança com partidos de direita e “centro”.

Alencastro apresenta alguns exemplos internacionais, sem maiores análises do que de fato está acontecendo nestes países, como Portugal, Itália, Inglaterra e até mesmo a França e Alemanha, como supostas provas da sua tese. De acordo com ele, desde a crise econômica de 2008 existiriam três lições que deveriam ser tiradas: 1 – A polarização favoreceria apenas a extrema-direita; 2 – os partidos tradicionais só seriam capazes de se “renovar” abandonando a polarização e construindo novas alianças; e 3 – o fundamental seria construir uma Frente Ampla, quer dizer, “o importante é a aglutinação de forças democráticas contra o novo regime”.

O primeiro ponto é completamente falso. Em nenhum dos países citados por Mathias a esquerda se colocou frontalmente contra os seus respectivos regimes políticos. Na Itália, que ele dedica uma certa atenção, a aliança do Partido Socialista Italiano com o Movimento 5 estrelas, que em si já é de extrema-direita, não impediu a vitória de Salvini; na França, a esquerda não apoiou o movimento dos coletes amarelos, que no final das contas não derrubou Macron; no caso de Portugal não é possível afirmar também que a extrema-direita esteja sob controle. Pelo contrário, a conjuntura da Europa de conjunto nos permite concluir que a política defendida por Alencastro como sendo a correta na realidade demonstrou-se falida em todas as ocasiões, inclusive no Brasil.

O segundo ponto, de acordo com o articulista, seria que a única possibilidade de “renovação” dos partidos tradicionais seria a construção de “novas alianças”. Mas afinal, não é justamente a prática da política burguesa que desmoraliza os partidos de esquerda europeia? O Partido Trabalhista britânico, por exemplo, sofreu durante muitos anos o desgaste provocado pelo governo de Tony Blair, apoiador da política do imperialismo norte-americano em todo o mundo, tendo conseguido recuperar suas bases justamente sob a liderança de Jeremy Corbyn, criticado na matéria de Alencastro. Ao contrário, as alianças e acordos feitos pelos partidos de esquerda com a direita é o que mais contribui para o seu enfraquecimento.

Por fim, o terceiro argumento é uma arma retórica dos teóricos da Frente Ampla. A maneira de conter a extrema-direita seria se aliar a setores da burguesia que seriam supostamente “antifascistas”. No caso do Brasil, isso se traduz na aproximação de Haddad ao PSDB, ou ainda no diálogo entre Marcelo Freixo e Janaína “Jana” Paschoal. Obviamente que não há futuro para a esquerda e o movimento popular que passe por uma aliança com elementos direitistas e golpistas como o PSDB, “Jana” ou ainda o “ator” de filmes pornográficos Alexandre Frota.

Finalmente, chama atenção para o fato de que Mathias não cita concretamente quais seriam os tais setores “democráticos” da burguesia com quem o PT deveria dialogar. Afinal, qual setor da burguesia não apoiou Bolsonaro? O “véio da Havan”? Os empresários da FIESP? O PSDB? A matéria de Mathias demonstra na realidade que a burguesia tem muito medo da polarização, de que as coisas saiam de controle, levando abaixo não só o governo Bolsonaro mas o regime golpista de conjunto.

A esquerda não deve acreditar nem por um segundo que o PIG, o Partido da Imprensa Golpista como apelidado pelo falecido Paulo Henrique Amorim, seja uma espécie de consigliere para o movimento popular. A polarização na realidade favorece a esquerda e no caso do Brasil, ela se reflete nas palavras de ordem de “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Lula”, que são capazes de opor o movimento de luta contra o golpe e o povo brasileiro ao governo fraudulento de Bolsonaro e à todo regime golpista.

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