Mostrando o profundo nível de confusão política e adesão à direita golpista, o ex-governador Tarso Genro (PT-RS) publicou na imprensa um bizarro documento intitulado “Carta a João Doria“, na qual em nome de uma suposta impossibilidade, da esquerda e da centro esquerda, “comandar, no momento, a derrubada constitucional do Governo, pelo impedimento do Presidente” e com o declarado propósito de conter o que chama de “putrefação do Estado”, propõe que o governador eleito como sugestivo apelido de “BolsoDoria” lidere a “oposição” no sentido de colocar fim ao atual governo.
O petista que já defendeu a “refundação” do PT (em sintonia com toda a direita pregava e ainda prega a extinção do Partido), que se opôs à candidatura de Lula, maior liderança popular do País e líder em todas as pesquisas, em 2018 (quando a direita o prendia) e propunha que o PT – seu partido e o maior do País – apoiasse a candidatura de Guilherme Boulos à presidência da República que, então, sem apoio da burguesia, teve cerca de 1% dos votos do candidato reserva do PT, agora quer que o reacionário tucano, lidere a oposição a Bolsonaro, por conta de supostas credenciais política e até familiares que Genro destaca em seu texto, principalmente
Tarso evidencia sua preocupação de querer salvar o Estado capitalista nacional ameaçado pelo governo improvisado de Bolsonaro e quer convencer um dos setores mais reacionários da burguesia golpista que sabe a comandar um novo golpe, para defender seus interesses, pois é claro que o representante das classes dominantes que exercem a tutela sob o Estado mais rico do País, não fará nada para defender os interesses do povo brasileiro, como já o demonstram à exaustão.
O ex-governador gaúcho vai além em sua iniciativa reacionária (como de costume), mas sua iniciativa serve para para mostrar até onde a ala direita da esquerda está disposta a ir para deixar a esquerda e todo o movimento de luta dos trabalhadores, que apoiam eleitoralmente o PT, à reboque da direita e, desta forma, até mesmo apoiar o fascista João Doria, em 2022, a pretexto de combater o fascista Bolsonaro, repetindo aqui a reacionária política da esquerda norte-americana de apoiar o principal candidato do imperialismo, Joe Biden, contra o falastrão da extrema-direita dos EUA, Donald Trump.
Aqui está conduta é ainda mais grave, por conta de que – como resultado da luta de classes no País – a esquerda brasileira construiu um partido sob a liderança de Lula , com amplo apoio popular e amplo apoio eleitoral, que derrotou a direita – comandada pelo grupo político que pertence João Doria, FHC, Maia, Baleia Rossi etc. – em quatro eleições consecutivas e reune condições de repetir este resultado em 2022, com a candidatura do ex-presidente.
Genro e toda a direita da esquerda – de genro e de fora do PT – querem repetir a política de derrotas adotada nas recentes eleições municipais, em que em vários locais o PT e outros partidos da esquerda apoiaram partidos de direita, e principalmente na eleição da Câmara, em que a esquerda está apoiando o candidato do bloco golpista, liderado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos articuladores da candidatura presidencial de João Dória.
No momento em que se encerra o ano de 2020 e vai se iniciar o ano novo com a imensa maioria do povo sob um intenso ataque. Quando, depois do cinismo e da fraude nas eleições e da enorme campanha publicitária em torno das vacinas, o País vive uma nova explosão de casos e denúncias que evidenciam que temos mais de 230 mil mortos e nenhuma medida real para conter a matança.
Genro e outros setores da esquerda querem apoiar uma “saída” para a direita, tão ou mais responsável do que Bolsonaro pela política criminosa de toda burguesia golpista e de seus governos da direita de incentivar a reabertura do comércio e das escolas, para salvar os lucros de um punhado de banqueiros e outros tubarões capitalistas, levou o País novamente à marca de mais de mil mortos por dia, UTI’s lotadas, enterros coletivos, filas de espera nos hospitais… É a política de “deixar morrer” e do lucro acima de tudo, impondo-se como nunca e sem que haja uma luta real, em escala nacional, contra o massacre.
Ante essa situação, não tem menor serventia para a maioria da população a política capituladora diante da burguesia e dos seus governos genocidas adotada por parte da imensa maioria da esquerda. Uma política covarde que não aponta no sentido da mobilização dos trabalhadores e demais explorados para encontrar – por meio da sua luta – uma saída própria diante da crise.
Essa política, gera crises e insatisfações genro do PT e do movimento operário, e que mantém paralisados os sindicatos e todas as organizações de luta do povo trabalhador quando a situação exige, como questão de vida ou morte, um enfrentamento com o governo ilegítimo de Bolsonaro e todos os governos da direita, destacadamente com os cínicos como Dória, que encenam o papel de “oposição” mas são os maiores sócios do fascista do Planalto no genocídio do povo brasileiro.
É preciso deixar para trás as ilusões em uma saída consensuada, passar por cima daqueles setores da esquerda que colocam seu interesses acima dos interesses gerais do povo brasileiro, pois a superação da atual situação só será possível por meio da luta, do enfrentamento com a direita.
É uma questão de vida ou morte, para milhões, a superação da política das direções atuais.
Fortalecer a organização própria independente, dos explorados, com um programa próprio (que reapresentamos nesta edição) e com os métodos próprios de luta da classe operária e demais explorados.
Um eixo fundamental nesta luta é rearticular e multiplicar os Comitês de Luta, em torno desse programa de defesa das reivindicações operárias, destacadamente em torno de postos centrais capazes de unificar os setores mais combativos da classe operária e todos os setores oprimidos, a luta pelo fora Bolsonaro, todos os golpista e o imperialismo e pelos direitos políticos de Lula e por sua candidatura presidencial.
Só assim, será possível fazer com que 2021 seja um ano de luta para barrar o retrocesso e o massacre do povo brasileiro.