O Deputado Federal, Jean Wyllys (PSOL-RJ), divulgou na última quinta-feira correspondência a ele enviada pelo ex-Presidente Lula. A carta foi em agradecimento ao exemplar do livro de sua autoria, intitulado “Tempo Bom, Tempo Ruim”, que o deputado havia anteriormente mandado a Lula. Na resposta, o ex-presidente refere-se ao período presente como “tempos difíceis” e expressa a sua convicção da necessidade de um “forte enfrentamento político com o governo” e da “organização política do povo”.
Desde o início do governo do Partido dos Trabalhadores as instituições da nossa república burguesa têm demonstrado serem seguidoras do falecido Tenente-coronel Jarbas Passarinho, prócer da ditadura militar, pois mandaram às favas os escrúpulos e passaram a atuar não de acordo com as normas constitucionais e legais mas de acordo com seus caprichos. Como resultado do arbítrio generalizado o ex-presidente encontra-se trancafiado já há nove meses condenado por uma sentença da qual cabem recursos (situação expressamente vedada por dispositivo constitucional) em razão de ter praticado “atos administrativos indeterminados”.
A confiança que o ex-presidente depositava nas instituições parece ter se esvanecido segundo o que se depreende dos termos de suas últimas cartas. Desde a sua prisão até o momento atual sua situação se agravou assim como se agravou a crise no país. Sua saída da prisão tem sido obstaculizada por manobras flagrantemente ilegais que chegaram à aberrante ameaça pública ao Supremo Tribunal Federal por parte de um general. A injustiça incontestável cometida contra ele teve o condão de aumentar a sua liderança. O descarrilhamento visível e inacreditável do governo Bolsonaro em apenas 20 dias inevitavelmente faz com que muitos voltem os olhos ao calabouço onde Lula está em Curitiba e sintam mais ainda que se faz urgente a sua liberdade.
O regime usurpador instalado após o golpe de 2016 está afundando irremediavelmente. Contudo ele não abrirá mão do poder a não ser diante de uma oposição ferrenha que afirme claramente a sua ilegitimidade. Em consonância com as carcomidas instituições da república, a direita petista, cuja parte mais visível são os governadores recém-eleitos (e seus grupos) e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tem se mostrado ansiosa por se acomodar ao regime golpista e mesmo tem aderido a algumas de suas bandeiras fascistas como por exemplo o “combate ao crime” através da violência pura. Eles são também responsáveis pelo encarceramento de Lula e se mostram indiferentes à sua sorte e à sorte do país, portanto nada há de deles se esperar. Não há conciliação possível. Lula sabe disso e conta com o povo trabalhador organizado para remover o regime opressor e entreguista. Só o trabalhador organizado e mobilizado poderá derrubar Bolsonaro e o regime do qual se encontra à frente. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!