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Marilia Garcia

Membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Jogar todas as fichas em Lula

Lula pode ser o candidato da esquerda em 2022

Cancelados os processos contra Lula, ele deve ser a única opção da esquerda para 2022

No dia de ontem, 8 de março de 2021, o ministro Edson Fachin, anulou todos os processos acusatórios contra o ex-presidente Lula. Declarando completa incompetência da 13ª Vara de Curitiba, Fachin se colocou como o “ministro bonzinho” ao realizar o desejo da maior uma parcela da população brasileira. Os mais experientes, contudo, devem ver mais medo que bondade na ação do ministro de um STF em plena desmoralização. A parte essa discussão, por outro lado, a esquerda deve adotar uma posição agressiva em defesa da unidade em torno da candidatura do Lula para 2022. 

A crise política promovida pelas mensagens vazadas das conversas entre o promotor Deltan Dallagnol e o juiz Sérgio Moro aumentava a cada dia. As revelações iniciadas pela chamada Vaza Jato, na qual o jornal Intercept Brasil iniciou a publicação de uma série de informações bombásticas sobre o processo, continuou com as mensagens acessadas pela defesa do ex-presidente Lula. Nessas mensagens, ficou descarado o caráter persecutório da operação, montada especificamente para condenar e prender o ex-presidente Lula. 

Muito além de revelar apenas informações sobre o promotor e o juiz envolvidos com o caso, os vazamentos desmascaram, inclusive, elementos do próprio STF. Na mensagem em que é citada uma conversa entre Cármen Lúcia e Raul Jungmann, aquela tentava convencer o ex-ministro de segurança da PF para impedir a soltura do Lula no caso do “prende-solta” deflagrado pelo mandato de soltura despachado por Rogério Favreto. 

É preciso lembrar também que o processo de ataque contra os elementos da Lava Jato teve ligação com a série de acusações desferidas contra elementos da própria burguesia. O caso da rachadinha, por exemplo, foi citado em conversa entre Moro e Dallagnol. No bate-papo, foi citada a intenção de manter as informações possuídas por Moro sobre a questão em sigilo, por conta do interesse no cargo de Ministro da Justiça que então seria concedido por Bolsonaro para o juiz do julgamento de Lula. Outras questões importantes como a prisão política de Temer também foi decorrente da ação articulada pelos lava-jatistas.

Dessa forma, assim como a Lava Jato acabou sendo desmantelada pela própria burguesia devido a desmoralização de setores importantes dessa, as informações vazadas pelo Vaza Jato, implicando na revelação de questões cada vez mais sensíveis, com envolvimento de elemento mais poderosos do regime, também precisava de um basta. Isso pode ser tido como um dos principais motivos do cancelamento dos processos contra Lula. 

A contradição dos interesses dentro da própria burguesia, contudo, não tira a importância da vitória da esquerda com a retomada dos direitos políticos de Lula. É importante deixar claro que esses direitos, o principal deles, se candidatar, deve ser muito bem utilizado por Lula e pela esquerda em favor da luta contra o golpe no Brasil. Rememorando a origem do golpe de estado no Brasil, é preciso ter plena convicção de que o impedimento de o Lula se candidatar em 2018 foi um dos principais objetivos dos golpistas com a derrubada da Dilma em 2016. 

Essa vitória parcial dos golpistas, contudo, foi revertida no dia de hoje. 

Se Lula pode ser candidato, a esquerda precisa entender o que a burguesia já entendeu muito bem com a última pesquisa de intenções de votos para as eleições de 2022: apenas Lula pode vencer Bolsonaro. Com a maior numeração em intenções de votos e a menor em rejeição, Lula fica à frente de todos os outros candidatos em 2022. Essa também é a única forma de impedir a fraude eleitoral ocorrida em 2018. Com a candidatura mais fraca de Haddad, a burguesia conseguiu manobrar para garantir a vitória de Bolsonaro. Contudo, como ficou claro, com a candidatura de Lula, o único a vencer as eleições deve ser o próprio Lula.

Agora a esquerda deve jogar todas as fichas na candidatura de Lula para 2022. Essa é a questão essencial da política nesse momento: Lula presidente!

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