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Mais uma pesquisa comprova

Lula não precisa da direita para se eleger

A aliança que a esquerda precisa fazer é com o povo, que está na rua. Nada de direita.

A pesquisa do Instituto Ipec, divulgada ontem (25), apresentou um resultado avassalador para o ex-presidente Lula na corrida presidencial de 2022. Segundo o levantamento, o petista tem 49% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro. Se as eleições fosse hoje, Lula as venceria ainda no primeiro turno.

Logicamente que é preciso ter uma visão crítica a respeito dessa pesquisa. O Ipec nasceu a partir do Ibope, amplamente conhecido por suas ligações com as Organizações Globo – muitos o chamam de Globope. É um instituto da burguesia. Também é amplamente sabido que as pesquisas de opinião dos institutos burgueses são amplamente manipuladas.

Estando a burguesia contra Lula, de maneira evidente, desde a campanha pelo golpe, é óbvio que o instituto burguês não pretende beneficiar Lula. É bem possível, na verdade, que Lula tenha muito mais do que 49% das intenções de voto, haja vista a clara popularidade do ex-presidente, expressa nas redes sociais, nos atos de rua como em 29 de maio e 19 de junho, nos próprios partidos de esquerda. 

Um exemplo dessa popularidade foi o ocorrido na quinta-feira (24) na barragem de Oiticica (RN), quando da visita de Bolsonaro. Os operários que trabalham na barragem foram obrigados a posar para uma foto junto do presidente fascista (imagine, caro leitor, a pressão sobre esses trabalhadores, para fingirem um apoio a Bolsonaro). Mesmo sabendo do perigo de serem demitidos, uma parte desses operários fez o “L”, gesto simbólico de defesa de Lula, no momento da foto (acima), que rodou as redes sociais.

Por isso mesmo, não se pode negar que a pesquisa Ipec é um reflexo da realidade.

A burguesia está com Lula?

Alguns setores da esquerda, e mesmo os bolsonaristas enraivecidos, poderiam dizer que o fato de um instituto burguês ter divulgado uma pesquisa favorável a Lula, sabendo que as pesquisas burguesas são sempre fraudadas, é uma prova do apoio da burguesia ao ex-metalúrgico.

Ledo engano. A burguesia faz um jogo duplo dando seus últimos suspiros para alavancar uma terceira via como alternativa a Lula e a Bolsonaro, alguém do “centrão”, da direita tradicional.

As manchetes que volta e meia os jornais que promoveram uma caçada contra Lula durante anos agora publicam vão justamente nesse sentido. Apresentam Lula como um perigo para Bolsonaro e a direita como um todo. Dizem, nas entrelinhas: “Bolsonaro não é capaz de vencer Lula, é preciso apostar em outro nome que unifique nossa classe, a burguesia, para derrotar esse sapo barbudo.”

Lula serve, assim, como um espantalho. Isso poderia unificar a burguesia em torno da substituição de Bolsonaro por alguém “mais capacitado” – isto é, que, caso governe, tenha um governo puro-sangue de estreito alinhamento com o capital financeiro. E, por isso, receberia todo o apoio da burguesia. Seria a chamada “terceira via” contra Lula.

Mas, como neste momento não há nenhum candidato minimamente popular, seria uma manobra arriscada. Ciro Gomes (7%), João Doria (5%) e Luiz Henrique Mandetta (3%) aparecem muito longe de Bolsonaro na mesma pesquisa Ipec.

A esquerda não pode ser ingênua, no entanto, sobre a capacidade da burguesia em manipular as eleições. A burguesia é a classe endinheirada, bilionária. Outro estudo divulgado esta semana, do banco suiço Credit Suisse, mostrou que o 1% dos ricos brasileiros detém metade da riqueza nacional. Isto é, 1% dos burgueses podem usar até metade do dinheiro do país para eleger seu candidato – e não hesitarão em gastar todo o dinheiro possível em uma eleição tão decisiva.

Em eleições anteriores à sua vitória em 2002, Lula também esteve muito à frente de seus adversários direitistas. Foi assim em 1989, foi assim em 1994… Mas a burguesia sempre deu um jeito de derrotá-lo.

Uma das formas é com os Cavalos de Troia

Além do dinheiro, a burguesia tem os seus políticos (que, é bem verdade, são movidos à base do dinheiro). A frente ampla serve justamente a esse objetivo. Infiltrar membros da direita em uma frente com a esquerda fingindo apoio a ela. Mas seu trabalho é exatamente sabotar a esquerda, como o fizeram Bisol e Covas em 1989, por exemplo.

Daí o grande erro da esquerda em acreditar que bandidos políticos como Alexandre Frota ou Joice Hasselmann poderiam contribuir com alguma coisa. Ou que o PSDB, MDB e DEM poderiam ajudar Lula a se eleger.

Lula não precisa de nenhum desses criminosos. As próprias pesquisas burguesas o comprovam. Lula, sozinho, sem estar ao lado de ninguém, tem 49% dos votos. Venceria no primeiro turno, isoladamente, sem o apoio de nenhum outro político ou partido.

Ainda segundo a mesma pesquisa, Lula não venceria apenas no Nordeste (onde, por algum motivo, a esquerda pensa que é o único lugar no qual tem grande apoio popular). Lula venceria no Sudeste (47% a 24%) e no Sul (35% a 29%).

Mais uma vez: Lula tem 49% das intenções de voto. Metade do eleitorado é “Lula na cabeça”, como se diz popularmente. Quanto de voto têm aqueles golpistas com as quais parte da esquerda quer se aliar para “derrotar Bolsonaro”? Quinze por cento, somados. Menos do que o próprio Bolsonaro. Isso, novamente, entendendo que trata-se de uma pesquisa feita pela burguesia – que sempre tenta aumentar artificialmente o prestígio da direita.

Os candidatos da terceira via querem se apresentar como candidatos do Fora Bolsonaro, através de um possível processo de impeachment. No entanto, a expressão eleitoral do movimento pelo Fora Bolsonaro não é nenhum direitista, mas sim o ex-presidente Lula. Por isso tentam descaracterizar o movimento, tirando-o das ruas e levando-o para as instituições controladas pela burguesia.

Exatamente por esse motivo é que o movimento pelo Fora Bolsonaro deve permanecer nas ruas, como um movimento popular, operário, estudantil e de esquerda – o que ele realmente é. E, mais do que nunca, um movimento completamente independente em relação à burguesia e à direita.

Quem realmente faz a diferença é o povo. E o povo está na rua. E o povo apoia Lula. A esquerda precisa largar de uma vez por todas qualquer fetiche que tenha com a direita e a burguesia e se voltar diretamente para o povo, para os trabalhadores, para os explorados. São esses os verdadeiros agentes de qualquer mudança verdadeira que possa ocorrer no País.

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