O golpe provocou uma disputa no seio do Partido dos Trabalhadores (PT), uma divisão definida por duas políticas: uma de adaptação ao regime golpista que se estabeleceu com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff e que permitiu a prisão política da maior liderança política da esquerda, o ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva; outra que luta pela liberdade de Lula e confronta determinados aspectos do regime golpista.
Apesar do caráter centrista dos quadros do PT, a prisão ilegal de Lula, que é uma consequência do golpe de 2016, se tornou pauta central da política de uma “ala esquerda” que resultou desta conjuntura. A senadora e atual presidente do partido, Gleisi Hoffmann, lidera esta ala combativa confrontando determinados aspectos do regime e determinadas instituições no parlamento e nas ruas.
Por outro, a ala representada por Fernando Haddad, substituo de Lula nas eleições e apoiado por Tarso Genro, se utiliza de uma política de maior adaptação ao regime, buscando se relacionar com partidos golpistas como PSDB, além descartar a maior liderança popular do país numa clara capitulação diante do golpe.
O apoio do ex presidente Lula, já declarado, a atual presidenta do PT é determinante para que ela siga na direção do partido. O anúncio de que Gleisi permanece como presidenta do partido deve acontecer dentro de alguns dias. Isso significa que o PT não vai abandonar a luta contra o golpe e pela liberdade de Lula, mas deve implicar também em grandes mudanças no interior do PT.