O incêndio em um prédio localizado no centro de São Paulo, no Largo do Paissandu, serviu como um pretexto perfeito para que a direito golpista estabelecesse um duro ataque contra os movimentos de moradia da capital paulista. Logo após ao fato, toda a imprensa direitista tratou de responsabilizar os próprios moradores e suas organizações pelo incêndio e o desabamento do prédio que até o momento levou a morte de duas pessoas, sendo que mais de quarenta estão desaparecidas.
Os jornais golpistas partiram para ofensiva contra os movimentos de moradia. O foco central de ataque foram as taxas cobradas, dos moradores, pelas organizações que ocupavam os prédios . De maneira cínica, a imprensa começou propagandear que os movimentos de moradia recebiam o dinheiro e não garantiam as condições de vida das pessoas, quando, na verdade, o dever de garantir moradia à população carente é do próprio estado, no caso da prefeitura, o que não foi feito. Os movimentos de moradia nada mais são do que uma forma que a população encontrou para resolver o problema, de forma organizada, já que o poder público nada faz.
Intensificando ainda mais o ataque, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou que agentes da prefeitura façam fiscalizações nos prédios ocupados com o “objetivo” de garantir a segurança dos moradores. Na realidade, as tais fiscalizações não passam de uma forma de expulsar os moradores das ocupações jogando-os na rua, em nome de uma suposta garantia da segurança. Trata-se de uma perseguição aberta aos movimentos de moradia, como ficou evidente na decisão do Ministério Público Estadual, o qual autorizou à prefeitura de São Paulo a obter ordens judiciais para realizar as vistorias, já que, de acordo com a Constituição de 1988, é estabelecido que a residência de qualquer cidadão é inviolável.
É o judiciário golpista passando por cima mais uma vez, de forma arbitrária e em nome dos grandes empresários, dos direitos da população, atacando o povo pobre e garantido o lucro dos grandes capitalistas, nesse caso do ramo imobiliário. A demagogia da política de “garantia da segurança”, ou da defesa “das melhores condições de moradia para os moradores”, cai por terra quando vemos o exemplo dos próprios moradores vítimas do prédio que desabou no Largo Paissandu. Estão completamente abandonados pela prefeitura, morando em barracas em uma praça próxima ao prédio em que ocupavam.
É preciso deixar claro, portanto, que a direita não nutre nenhum sentimento de benevolência em relação à população pobre e à classe trabalhadora. A burguesia defende sim seus próprios interesses e, para tanto, utiliza de todos os meios para alcançar seus objetivos, seja a violência, a manipulação por meio da imprensa, à perseguição aos direitos como vem fazendo o judiciário, seja criando pretexto, como é o caso desse incêndio, para atacar o povo. É necessário denunciar mais essa manobra e chamar a população a se mobilizar contra a ofensiva golpista aos direitos, por meio da organização e do fortalecimento dos comitês de luta contra o golpe em todo o país.