Nesta quarta-feira (10/06), movimentos sociais e sindicais realizaram duas manifestações ao mesmo tempo no estado de Sergipe pedindo o Fora Bolsonaro, Eleições Direita e, acredite, o lockdown.
Os dois atos foram organizados em frente ao Palácio dos Despachos, onde fica o governador, e na porta da Assembléia Legislativa de Sergipe pelas centrais sindicais CUT/SE, CTB, CONLUTAS e UGT.
Apesar de apresentar duas palavras de ordem corretas, como o Fora Bolsonaro e Eleições Diretas, o movimento sindical cutista apresentou uma medida que ataca diretamente os trabalhadores e favorece a direita neste momento de pandemia: o chamado lockdown.
O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, defendeu o lockdown no Estado como medida necessária e urgente para salvar vidas e reduzir contaminação. “Vidas importam. Quantos precisam adoecer e morrer por Covid-19 para o Estado decretar o lockdown e fechar tudo para reduzir a contaminação e óbitos?”, disse o presidente da CUT/SE.
A confusão se dá em estabelecer uma medida ditatorial principalmente contra a população trabalhadora num momento em que a direita está se aproveitando da situação para realizar os maiores ataques a classe trabalhadora da história do país.
É evidente que o governo Bolsonaro e os governos de direita nos estados e municípios estão retirando uma série de direitos, demitindo e cortando salários em uma escala gigantesca. A violência policial tomou proporções enormes e é tão grave que o governo Bolsonaro retirou nesta semana os dados sobre violência policial no Balanço Anual sobre Violações de Direitos Humanos apresentado pelo governo do ano de 2019.
Há um enorme processo de ataques ao patrimônio nacional através das privatizações a duas empresas estatais importantíssimas no Estado, a Petrobrás e os Correios. Isso é um pequeno exemplo da situação de ataques aos trabalhadores e a população e que medidas como o lockdown vai afetar qualquer mobilização dos trabalhadores.
Também como estamos vendo nas manifestações, medidas repressivas como proibições de aglomerações, toque de recolher e lockdown estão sendo utilizando somente com as manifestações de esquerda, enquanto a direita é protegida diretamente pelas forças policiais.
Dois bons exemplos são das manifestações pelo Fora Bolsonaro e contra a violência policial no Ceará e no Pará onde a PM utilizou a força bruta e prisões para impedir as manifestações contra a extrema direita e a possibilidade de um golpe militar.
Pedir o lockdown é um enorme erro político que vai ser usado, inclusive, para impedir as manifestações pela derrubada do governo fascista de Jair Bolsonaro. Exigir essa medida é um tiro no pé e um suicídio político das organizações de esquerda.
A CUT/SE deveria rever essa decisão e lutar contra qualquer medida repressiva que somente vai ser utilizada contra os trabalhadores, e organizar greves e manifestações pela derrubada do governo Bolsonaro. O povo organizado e na rua é a única maneira de derrubar Bolsonaro e todos os golpistas e garantir que as eleições sejam minimamente democráticas.