O governo de São Paulo decretou um “Toque de Restrição” que iniciou neste sábado (27/02), a medida vale para o intervalo das 23 horas às 5 da manhã seguinte. A medida visa coibir aglomerações por atividades não essenciais, que estão liberadas até as 22 horas. O decreto tem validade até 14 de março. Segundo o governo estadual, na prática nada muda para as atividades não essenciais que já estavam liberadas até as 22 horas, o que mudará será a fiscalização de eventos de ruas e festas clandestinas.
A fiscalização está orientada a abordar e advertir dos riscos a motoristas e transeuntes, orientando-os a retornarem para casa e salvo por motivos de saúde, pessoas que forem flagradas reincidentemente nas ruas no período de restrição serão multadas em R$ 525,00, também serão multados estabelecimentos que promovam festas e aglomerações.
A medida também proíbe reuniões privadas com mais de 10 pessoas, o texto do Diário Oficial diz, “a polícia do estado de São Paulo poderá determinar a dispersão de aglomerações, sempre que constatar reunião de pessoas capaz de aumentar a disseminação da covid-19”.
A fiscalização será realizada pela PM, pelo Procon e por 1000 funcionários da Vigilância Sanitária, segundo informou o governo do estado. Haverá blitzs que serão dimensionadas de acordo com necessidade e número de denúncias.
A sistema de saúde de São Paulo está beirando o colapsado com 69% dos leitos de UTI ocupados, sendo que muitas unidades já atingiram 100% de ocupação. Segundo o Centro de Contingência, a perdurar o ritmo atual de contaminação o sistema todo colapsará em 22 dias.
Sobre a gravidade da situação sanitária, ninguém discorda que seja grave, no entanto é extremamente questionável a eficácia do “lockdown” de Dória, uma vez que as verdadeiras aglomerações ocorrem durante o dia, no transporte coletivo superlotado, nas escolas que ainda insistem em aulas presencias, no comércio, nas fábricas, nos escritórios. Não há nenhuma iniciativa de salvaguarda da população mais carente e vulnerável nos bairros com pouca ou nenhuma infraestrutura sanitária ou ainda os moradores de rua.
Dória procura mostrar serviço culpando festas clandestinas minoritárias como principal vetor de propagação do vírus, quando os verdadeiros culpados são a inércia e apatia de seu próprio governo e do governo de Bolsonaro, além da ganância capitalista que abre mão do lucro nem mesmo diante do risco de morte de milhares de pessoas. É preciso uma ampla mobilização dos sindicatos de São Paulo, sob a coordenação da CUT para exigir nas ruas que seja suspensa por completo as aulas presenciais e para exigir ações concretas dos governos para proteger a população, sobretudo os mais carentes.