Na última sexta-feira, 26 de junho, uma verdadeira obscenidade foi transmitida via YouTube. Dominada pelo que existe de pior na política brasileira, o chamado ato virtual “Live dos Direitos Já!” contou com nomes como Geraldo Alckmin, Tasso Jereissati, Ciro Gomes, Cristovam Buarque e Fernando Henrique Cardoso integraram a trupe, sob a supervisão da dona, Maria Alice Setubal, herdeira do banco Itaú e filha de Olavo Setubal, um dos mais destacados capitalistas no apoio à Ditadura Militar de 1964 a 1985. A elite do estrume.
O show do horrores, contudo, tinha um objetivo político claro: promover a confusão na esquerda. Obviamente, ninguém normal levaria a sério um evento que tem “direitos” no nome e é capitaneado por notórios inimigos dos direitos democráticos da população, exatamente o grupo que nos últimos 4 anos simplesmente cancelou os direitos políticos, os direitos trabalhistas, os direitos previdenciários e na última semana, até mesmo o direito à água. Eis que surgem os papagaios de pirata da esquerda pequeno-burguesa.
Incapazes de resistir a holofotes e afagos da burguesia, os setores mais reacionários da esquerda marcaram presença na festa da demagogia. Além dos elementos oriundos de partidos tipicamente pequeno-burgueses, caso do PSOL e do PCdoB, o evento contou também com presença das principais lideranças da ala direita do PT, como Tarso Genro, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy e o cirista Camilo Santana.
A presença destes profissionais do oportunismo, que aceitam de bom grado se juntar a este tipo de palhaçada sabendo quais são os interesses por trás, se explica pelo fato da burguesia não poder contar com as próprias forças para manter o controle do regime político, sendo obrigada a recorrer ao confusionismo. Assim, o que seria motivo de chacota sob condições normais, vira alvo de discussões no interior do campo político, mantendo a esquerda ocupada enquanto a direita ganha tempo, o que está longe de ser algo trivial.
Evidenciado pela própria propaganda do ato, que rememora a famigerada campanha “Diretas Já!”, uma das mais vergonhosas capitulações da esquerda brasileira no século passado, a nova campanha tem a mesma função: impedir que a mobilização popular derrote o golpe. Neste momento, isto inclui também o governo Bolsonaro. Emblemático disto, o combativo capacho da direita Marcelo Freixo (PSOL-RJ) se prestou a aparecer para resumir a essência da palhaçada, a reunião de “personalidades importantes na vida política brasileira” para defender as instituições do regime burguês, que atuaram de maneira decisiva para a eleição do fascista Jair Bolsonaro, sendo até hoje os responsáveis pela sustentação do governo.