Na noite da última quarta (5), o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, através da juíza Sandra Mara de Oliveira Dias, anulou as 747 demissões da Renault em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Resposta ao pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba (Simec), a decisão, em primeira instância, fez com que um setor da esquerda e a direção dos metalúrgicos (Força Sindical) anunciassem a decisão como uma vitória dos trabalhadores, como se a recontratação já estivesse dada.
É preciso esclarecer que essa postura é a expressão mais acaba da orientação política capituladora da direção do sindicato e de um setor da esquerda que acha que tudo pode ser resolvido através de acordos institucionais.
Essa política de comemorar antes da luta acabar passa um sinal trocado aos trabalhadores. Ao invés de reforçar e radicalizar a luta, as direções passam para os trabalhadores a mensagem de que é hora de recuar, hora de entrar em acordo, mesmo antes de conquistar suas reivindicações.
Ao invés de radicalizar a luta, esses setores buscaram a solução do problema em reunião com o Ministério Público, Tribunal Regional do Trabalho, o governo reacionário do Paraná, e os deputados. Para eles, bastaria pressionar a Renault a perder os incentivos fiscais por causa das demissões.
“Essa é uma vitória dos trabalhadores que mesmo com todo o tipo de retaliação por parte da empresa foram corajosos e mantiveram a união para suportar todos esses dias até conseguirem a reintegração…”
A decisão da Justiça não é automática. Ela tem caráter liminar, mas a empresa vai recorrer em outras instâncias, como já anunciou. Mas para o presidente, a vitória já está dada, segundo a continuação:
“…Durante todo esse tempo, o Sindicato sempre esteve disposto e reivindicou o bom senso por parte da empresa para que aceitasse sentar para negociar e achar uma solução razoável tanto para os trabalhadores como para a empresa. Infelizmente, a Renault preferiu radicalizar e a alternativa, além da luta em porta de fábrica, foi a Justiça que nos deu razão e determinou que a era de radicalizar acabou. Aqui no Paraná, a prerrogativa é a negociação.”
A utilização do termo radicalizar por parte do dirigente, como sendo algo ruim, é justamente para defender a conciliação com os patrões. Não se fala em derrotar os patrões para readmitir os companheiros demitidos, mas sim em “a Justiça foi a alternativa”, como se o Judiciário fosse um aliado dos trabalhadores.
Isso é para esconder que a Força Sindical, da qual Butka é presidente, apoiou a Medida Provisória 936, de Bolsonaro, que permitiu o rebaixamento dos salários!
É preciso ter o espírito dos operários grevistas, como fica claro nos vídeos abaixo a disposição de enfrentar os patrões e os pelegos.
Por isso, diante da luta travada neste momento do 15º dia de greve dos metalúrgicos, é preciso esclarecer que é a hora de ir adiante, radicalizar a greve com a ocupação de fábrica, até que todos os companheiros sejam readmitidos. A aliança com setores golpistas não trará os empregos de volta e ainda dificultará a luta da categoria.