Na manhã deste sábado (08/04), o corpo da liderança da indígena do povo Uru-eu-wau-wau, Ari, foi encontrado com marcas de batida e ferimentos na cabeça na Linha 625 de Tarilândia, distrito de Jaru (RO).
Os investigadores apontam que Ari foi golpeado, pelo menos quatro vezes da cabeça, com objeto contundente, na madrugada do dia 08 por um individuo ainda não identificado. Além de liderança da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, Ari foi um dos organizadores de um grupo de vigilantes e protetores do território e do seu povo, que constantemente fazia rondas pela terra indígena observando desmatamento, invasões, caçadores e outras ameaças aos indígenas.
A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau sofre constantemente com as ameaças de latifundiários interessados nas riquezas e nas terras dos 1.867.117 hectares onde ainda habitam comunidades sem contato e isolados.
Ari também era primo de Awapu Uru-eu-wau-wau, liderança indígena que já sofreu diversas ameaças de morte no estado e é perseguido pelos latifundiários.
A área é está sob ameaça desde que Bolsonaro chegou a presidência de maneira fraudulenta, que agravou de maneira exponencial a situação de conflitos da região e de de acordo com um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA), em 2019, a área dos Uru-Eu-Wau-Wau esteve entre os territórios indígenas que mais foram desmatados pelos latifundiários.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nota afirmando que “não estamos expostos apenas ao coronavírus, os crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensos violando nossos direitos e destruindo nossa natureza.” E que Ari estava sendo ameaçado pelos latifundiários pelas invasões e devastação da terra indígena.
O relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre a violência no campo em 2019, mostrou que a violência contra os indígenas disparou, desde mortes, ameaças e invasões de terras. Isso se deu fruto da política de Bolsonaro de apoio aos latifundiários, grileiros de terras e mineradores dando aval para essa situação.
É preciso reverter essa situação, que só poderá ser realizada com a retirada de Bolsonaro e a direita do poder através dos trabalhadores. Como medida imediata, os indígenas devem criar comitês de autodefesa diante desses ataques. O grupo de vigilantes já existente é um início, mas insuficiente, pois apenas é um grupo de observação e encaminhar os problemas para as autoridades, que hoje estão sob controle dos bolsonaristas, desde as forças policiais, judiciários e executivo. Esses grupos deveriam se equipar e treinar para que os próprios indígenas sejam capazes de se defender sozinhos e da maneira que achar necessária.