A pescadora Maria Nasareth dos Santos, 48, reconhecida liderança na defesa do manguezal e do meio ambiente e por lutar há mais de 15 anos pela criação de uma Reserva Extrativista na área de estuário do Rio Sirinhaém, localizado no município de mesmo nome, no Litoral Sul do estado de Pernambuco, denunciou que no dia 12 de março foi torturada por 8 policiais militares enquanto estava sozinha nos manguezais.
Com o apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Nasareth denunciou o crime ao governo do Estado de Pernambuco, por meio de sua Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e do Programa Estadual de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PEPDDH/PE).
Maria Nasareth conta que, por volta das 6h30 do dia 12 de março, duas viaturas da polícia militar chegaram ao local onde ela costuma pescar, no estuário do Rio Sirinhaém. Desceram das viaturas oito policiais militares fortemente armados, sendo que três estavam encapuzados. Os policiais arrastaram a pescadora para dentro de sua barraca de pesca e iniciaram uma sessão de tortura, amarrando suas mãos para trás, tapando sua boca com um pedaço de pano e sufocando-a com uma sacola plástica. No total foram cinco sufocamentos, com intervalo de alguns minutos entre um e outro. Enquanto uns torturavam-na, outros reviravam a sua barraca. A tortura durou 30 minutos.
Ao procederem à sessão de tortura da pescadora, os policiais afirmavam que estavam fazendo “aquilo” a mando do Presidente Jair Bolsonaro e, enquanto davam tapas em seu rosto, afirmavam que a “a terra não é sua, é da usina”. Após ser solta, Nasareth foi ameaçada de morte e relata que estes mesmo policiais e funcionários da Usina Trapiche foram vistos circulando juntos pela área na semana anterior ao crime
A comunidade de pescadoras e pescadores artesanais e extrativistas costeiros marinhos foi progressivamente sendo expulsa da área – por meio da força – pela Usina Trapiche entre as décadas de 1980-2010.