A Libertadores-2020, torneio mais importante da América Latina, sofreu mudanças significativas em seu regulamento. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) detalhou regras sobre a hidratação, aumentou as multas por atrasos em partidas e limitou, ainda, o uso de redes sociais pelos jogadores.
Sem dúvida, a medida que mais chamou atenção é o controle das redes sociais. Segundo o documento elaborado pela Confederação, este controle inclui as redes sociais dos clubes, membros da delegação e jogadores. A regra prevê que os representantes dos times podem fazer postagens que respeitem o “Fair play”, “bons costumes” e “moral”.
Em outras palavras, a Conmebol tem como objetivo a censura dos times e jogadores de futebol. Sob o verniz ético de “jogo limpo” e “respeito”, está a preocupação da burguesia (e isto inclui, obviamente, os grandes cartolas e donos do futebol) com a situação latino-americana, que passa longe de estar em um clima de calmaria.
Dentro do quadro de protestos na América Latina, ademais, viu-se um amplo apoio de jogadores e times contra os governos de direita e golpes no último período. Os atletas convocados para um amistoso contra o Peru no dia 19 de novembro se negaram a entrar em campo, em um gesto de apoio às mobilizações que aconteciam no País: “somos jogadores de futebol, mas, antes de tudo, pessoas e cidadãos”, declarou o atacante chileno Arturo Vidal.
No mês anterior, outros ídolos chilenos já manifestaram apoio aos protestos contra o governo Piñera: o capitão da seleção Gary Medel, Alexis Sánchez e Pinilla, atacantes da seleção, o goleiro Claudio Bravo e a finalista do prêmio de Melhor do Mundo da Fifa na posição no então ano Christiane Endler.
A decisão da Conmebol de censurar os times deve ser vista diante desta situação, não por uma ótica moralista de manutenção de Fair play ou contra injúrias etc.
Esta situação também demonstra o caráter político e de mobilização do futebol, esporte mais popular do mundo, cujo setores da esquerda pequeno burguesa tentam fingir a inexistência e setores da direita tentam destruir.