Nesta segunda-feira (18) o mercado de telecomunicações no Brasil recebeu a notícia de que a empresa que é dona da Claro vai adquirir a Nextel. O valor total do negócio pode chegar R$ 3,47 bilhões. A Nextel, atualmente, é a quinta maior operadora do país, com 3,3 milhões de linhas móveis. Entretanto, a composição desse mercado no Brasil deixa bem claro que não existe a menor capacidade de concorrer com as transnacionais da comunicação que dominam o sistema desde a famosa privatização. Na prática, houve uma entrega de todo o sistema de comunicação das empresas do governo federal e dos governos estaduais ao capital estrangeiro nos anos FHC.
Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a empresa Vivo tem 31,9 do mercado, a Claro 24,6, a Tim 24,3, a Oi 16,4. Para a Nextel sobra 1,4 por cento do mercado. Outras empresas ainda ficam com 1,2 por cento. Esses números são esclarecedores da baixa qualidade e do alto custo do serviço no Brasil. No últimos anos, mudanças tecnológicas permitiram ampliar os serviços e a exploração econômica deles. Entretanto, a qualidade e o preço da comunicação no país continua sendo insatisfatório para a maioria da população, colocando essas empresas como as que mais recebem reclamações.
O desenvolvimento de monopólios e grandes empresas que tenham a condição de controlar o segmento em se que encontram, como no caso das telecomunicações no Brasil, impede que reste qualquer sombra de concorrência. Se, por acaso, alguma empresa menor viesse a disputar esse controle do mercado ela provavelmente seria comprada ou levada a falência pela pressão das outras. Apesar do seus 1,4 por cento do mercado, A Nextel era a única empresa que oferecia alguma resistência ao monopólio Vivo, Claro, Tim e Oi. Esse fato pode ser inclusive observado nas campanhas publicitárias da empresa a um ano atrás, antes de saírem notícias sobre possível venda.
A ideia da livre concorrência, que deveria beneficiar os melhores serviços e os melhores preços fica represada na decisão de quatro empresas. Ou seja, suas decisões são tomadas em conjunto de acordo com seus interesses, na maioria das vezes ligado ao capital internacional. Esse mito, que sustenta a ideia do liberalismo e do neo-liberalismo não encontra nenhum lastro no mundo real no estágio atual do desenvolvimento capitalista.
Curiosamente, o negócio ainda precisa passar pela aprovação do CADE (Órgão de defesa da concorrência) e da Anatel. Porém o avançado das negociações entre as controladoras da Nextel e a América Móvil (controladora da Claro) mostra que a aprovação não deve ser difícil.