No último período, tem-se dado um processo de enfraquecimento da operação Lava Jato, a principal ferramenta do imperialismo no campo judiciário para a perseguição e derrubada do governo do Partido dos Trabalhadores e para a prisão de Lula. Com essa etapa do golpe já executada, contradições no interior do próprio regime golpista tem feito com que a operação se aproxime de elementos e partidos da linha de frente do golpe, como por exemplo o tucano José Serra, o que tem ocasionado problemas para diferentes setores da burguesia, que procuram impedir o seu desenvolvimento.
Em seminário realizado na última segunda-feira (7), o ex-ministro da justiça Sérgio Moro – um elemento central do golpe, hoje sabidamente controlado pelas agências governamentais norte-americanas -, comentou o fato. Segundo ele, o que ocorre agora seria uma “reação do sistema” à Lava Jato.
O ex-juiz critica o que ele chamou de “tentativa de punição administrativa e disciplinar” contra Deltan Dallagnol, um dos procuradores responsáveis pela operação e que deixou sua força-tarefa na última semana. Além disso, ele também critica a chamada Lei do Abuso de Autoridade, que procura punir juízes que possam agir de forma parcial em seus processos.
A desmoralização da Lava Jato começou a se agravar no período em que o jornal The Intercept Brasil realizou uma série de reportagens, chamada “Vaza Jato”, em que reproduzia conversas vazadas entre os procuradores da operação e que comprovaram que estes atuavam junto ao juiz Sérgio Moro para perseguir seus desafetos políticos, particularmente os do PT e mais ainda o ex-presidente Lula. Apesar de a esquerda não ter aproveitado as revelações naquele momento para realizar uma ampla campanha contra a operação, todos os indícios de sua ilegalidade estão ali.
No último período, diversos acontecimentos demonstraram um desgaste da Lava Jato e o aprofundamento de sua desmoralização. Entre eles, há o fato de que Dallagnol deixou a Força Tarefa, e agora está sendo processado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por conta de postagens em redes sociais. O processo em si caracteriza uma espécie de censura, no entanto serve para demonstrar que o regime político está se virando contra a Lava Jato. Além disso, houve o pedido de demissão coletiva dos procuradores da Lava Jato de São Paulo, criticando, entre outras coisas, o fato de terem sido impedidos de seguirem adiante na investigação contra José Serra.
A operação também sofreu críticas do procurador geral da República, Augusto Aras, e sofreu derrotas no Supremo Tribunal Federal. Entre elas, o STF apontou parcialidade de Sérgio Moro em um caso do antigo Banco do Estado do Paraná (Banestado), anulando a condenação do doleiro Paulo Roberto Krug.
Todos esses fatos mostram a decomposição da operação Lava Jato e o seu desmonte pelo próprio regime político. No entanto, isso não se converterá em vantagem para a esquerda caso esta não se realize uma ampla campanha de mobilização para lutar pela anulação dos processos contra Lula e todos os perseguidos políticos pela Lava Jato. Uma questão importante neste desgaste é o fato da operação ter se enfrentado com o próprio movimento popular, que mostrou suas irregularidades em diversos momentos. Agora, é preciso aproveitar a crise e exigir o fim imediato da Operação Lava Jato e a anulação de todos os seus processos. De nada adianta punir apenas Dallagnol, toda a Lava Jato deve acabar.