As investidas do imperialismo e seu modus operandi não se limitam ao território nacional. O nível da crise capitalista exige, portanto, o desenvolvimento do golpe em praticamente todos os países em que o imperialismo puder exercer pressão. No Peru, o golpe também segue o mesmo método; é através do judiciário – o aparelho mais reacionário que a burguesia golpista domina, se infiltra no Estado e avança no domínio do poder, como tem acontecido em diversos países da América do Sul. Temos, assim, diante de nós mais uma etapa da Lava Jato; agora, porém, na parte voltada para o pacífico.
O enredo se repete, muda-se somente o elenco. No caso peruano, a nova fase do golpe inclui pagamentos ilegais na construção de um gasoduto durante o governo de Ollanta Humala, por parte da Odebrecht, e que se somam à denúncia de um procurador contra um colega por supostamente ter facilitado a fuga do país do ex-mandatário Alejandro Toledo. Após as novas denúncias, a resposta dada pela construtora revela o quão ingerente o imperialismo estadunidense se coloca nos meandros da operação. “Todos os documentos e depoimentos sobre fatos ocorridos no passado (…) estão há três anos nas mãos do Ministério Público do Brasil e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, ou seja, estão disponíveis para os países que celebraram acordos de leniência com a Odebrecht e os homologaram”, afirma a construtora.
A situação se agrava, por um lado pela denúncia de um procurador contra um colega por ter supostamente facilitado a fuga do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), e por outro pelos pagamentos ilegais na construção de um gasoduto. Devido ao suposto recebimento de propina, o ex-presidente Humala e sua esposa passaram nove meses em prisão preventiva, acusados de receber dinheiro durante a campanha eleitoral. Na caçada judiciária em busca dos interesses imperialistas, Pérez é o membro mais proeminente da Procuradoria que no que compete a investigação da construtora brasileira.
Diante da escalada golpista que se estende à praticamente todos os países da América Latina, é de se esperar, a cada momento, uma novidade em torno de supostos casos envolvendo empresas que se colocam como obstáculo para o domínio do imperialismo nos países menos desenvolvidos. É nesse sentido, portanto, que toda a operação orquestrada e, claramente dirigida pelos EUA, como vimos aqui, deve ser rechaçada e anulada juntamente com todos os processos consumados.