Com incumbência de investigar possíveis irregularidades cometidas em grandes obras como Rodoanel e Metrô, a Operação Lava Jato em São Paulo vasculha à procura de indícios criminosos que possam responsabilizar Serra e Alckmin, ambos do PSDB, quando de suas passagens pelo governo do Estado, os que administravam essas obras e os que davam a última palavra. Além disso, também conduz investigações sobre familiares dos ex-presidentes Lula (PT) e Michel Temer (MDB).
Pelo menos era o que pensávamos que aconteceria ao final com a condenação dos investigados. Mas, ao que tudo indica, a força-tarefa chega, nesta terça-feira (29), ao seu último dia de atuação com o futuro incerto e sem definição do inquérito, o que em outras palavras quer dizer que fecharam os olhos para qualquer evidência e estão protegendo o PSDB e Temer.
Muito embora a assessoria de comunicação do Ministério Público Federal em São Paulo tenha informado que as investigações “continuam em andamento”, já se sabe que há um desencontro entre o núcleo de procuradores à frente da operação ligados à Moro e Dalagnol, e a Procuradoria Geral da República, não há sinais de que isso levaria algum problema ao PSDB e Temer.
De fato, vinculado às determinações de Bolsonaro, a Procuradoria Geral da República tem à sua frente Augusto Aras, e, sob as suas ordens atua Viviane de Oliveira Martinez, procuradora natural do 5º Ofício ao qual pertence a Lava Jato de São Paulo desde março, contra quem, a coordenadora da Lava Jato em São Paulo Janice Ascari, em conjunto com outros seis procuradores, fazem um pedido coletivo de demissão alegando total incompatibilidade com ela.
Todavia, embora os sete coloquem os seus cargos à disposição um dia depois do coordenador da força-tarefa no Paraná, Deltan Dallagnol, anunciar sua saída da operação, na prática eles não querem medir força ou atrapalhar as investigações, pelo contrário dizem eles: “Estão à disposição para adotarem providências finais a parte dos casos que vinham sendo conduzidos, e solicitam, para tanto, seja o efeito do desligamento ora solicitado iniciado a partir das datas abaixo discriminadas”, conforme o documento que apresentam à midia.
A criação da Operação Lava Jato de São Paulo data de 2017 e ganha expressão em 2018 com mais espaço e atuação, com o objetivo de cuidar de desdobramentos da operação enviados para o estado. No centro do inquérito estão as quatro denúncias contra Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB. Mas além dele, como já dito acima e aqui repito, também foram denunciados os ex-presidentes Lula e Michel Temer (MDB) e o ex-governador José Serra (PSDB-SP).
Considerando ser de fundamental importância para a burguesia e o imperialismo norte-americano que o ex-presidente Lula permaneça fora do jogo político e inelegível, a direita, que na investigação aparece ligada à possíveis desvios de verbas das obras públicas, cumpre a função única e exclusiva de iludir a população com a falsa ideia de que não há perseguição política à esquerda e ao PT, e cria uma cortina de fumaça produzida tão somente para legitimar a investigação que mais uma vez condenará Lula, deixando ilesos o esquema do PSDB, com Paulo Preto e Cia.