A medida que as eleições municipais se aproximam, acirra-se a luta pela administração do Estado burguês entre setores do bloco golpista. Este conflito tomou grande proporção no Rio de Janeiro, onde a extrema direita bolsonarista lançou uma ofensiva contra a direita tradicional, para utilizar o controle do governo do estado e da prefeitura para as eleições de 2020, visando 2022.
Foi assim que o governador fascista Wilson Witzel (PSC) foi derrubado literalmente por uma canetada do Judiciário e agora a Polícia Federal, pouco antes das eleições, faz buscas e apreensões na casa do candidato da direita tradicional, Eduardo Paes (DEM), o principal adversário do bolsonarista Marcelo Crivella.
Obviamente trata-se de uma briga entre Bolsonaro (extrema direita) e a direita tradicional – representada pela candidatura de Paes – pela prefeitura e pelo governo do Rio (vide impeachment de Witzel), para controlar a segunda mais poderosa máquina política do país, atrás apenas do estado de SP.
Bolsonaro busca contrapor o domínio da direita tradicional, em sua briga com ela, para utilizar a máquina do RJ a seu favor nas eleições de 2022. É semelhante à disputa que se deu entre Bolsonaro e Doria, em que secretários do governador fascista foram presos, por investida da Polícia Federal bolsonarista e jornalistas e blogueiros bolsonaristas também, devido à ordem do ministro tucano Alexandre de Moraes (PSDB). No entanto, em São Paulo, a principal máquina política do país, o conflito aparentemente terminou com um acordo entre os setores em disputa.
Já no Rio de Janeiro, a direita tradicional não possui o mesmo poder que em São Paulo, Witzel é um político que não tem nem de longe o apoio que a burguesia dá a Doria, o que permitiu aos bolsonaristas tomarem a iniciativa e passarem para a ofensiva contra a direita tradicional, expressa na disputa entre Paes e Crivella.
Este episódio, da possibilidade da ofensiva da extrema direita, um setor mais fraco da burguesia, contra os setores principais da burguesia, mostra o tamanho da crise política que o País vive e que neste impasse, se por um lado a extrema direita cresce, também cresce a possibilidade de intervenção da classe operária no regime, que deve aproveitar a disputa e a intensa crise do regime para combater todos os golpistas, de Bolsonaro a Paes, passando por Crivella e Witzel.