Neste domingo (26), a imprensa burguesa, através do jornal o Estado de S. Paulo, publicou um artigo criticando a seletividade da Operação Lava Jato. O texto é uma mostra gigantesca de cinismo e mostra claramente qual a política da burguesia: que criou a Operação e defendeu todas as suas arbitrariedades e ilegalidades contra a esquerda (sobretudo contra Lula) e o povo brasileiro, mas agora procura disfarçar que a operação tem lado bom e ruim.
O texto procura separar a Operação em dois lados, o bom, que seria a Lava Jato em si, do ruim, que seria o que chamam de “Lavajatismo”. O lado bom seria o combate à corrupção, leia-se a perseguição à esquerda. Já o lado ruim seriam seus excessos cometidos em investigações contra o PSDB e a direita golpista.
É um cinismo sem limites. Os golpistas estão reclamando que a operação pegou o tucano José Serra e fez uma pequena manipulação para prendê-lo. No entanto, isto não é nem a milésima parte do que foi feito desde 2014 pela Operação golpista. E em todos os passos da Lava Jato, o Estadão passou anos, justificando a Operação e todos os seus crimes:
1. Contra os direitos fundamentais, como a presunção de inocência, o direito a responder em liberdade até o trânsito em julgado
A Operação subverteu a base do direito brasileiro, de que todos são inocentes até que se prove o contrário, para a ideia de que todos são culpados até que provem o contrário. Uma mudança tipicamente fascista, que inaugurou um regime de perseguição para dar suporte ao golpe de Estado de 2016;
2. Contra os direitos da população e dos dirigentes e integrantes da esquerda, processados e perseguidos pela Operação
A Lava Jato significou na prática a implantação de um vale tudo jurídico, onde os fins de perseguição justificavam condenar pessoas em julgamentos sem provas. Como o processo de Lula no caso do triplex, onde o ex-presidente foi condenado pela convicção do Ministério Público e a do então juiz Moro. A famosa a frase cunhada pelo procurador golpista Deltan Dallagnol, esclareceu a questão, quando ele explicou a condenação de Lula: “Não temos provas, mas temos convicção.”
O caso do ex-presidente é o mais absurdo, no entanto, a Lava Jato perseguiu centenas e até milhares de pessoas em todos os seus processos. Só em conduções coercitivas criminosas, a Lava Jato perseguiu mais de 200 pessoas. Sem contar outros abusos como grampos e vazamentos ilegais, como foi vazado o áudio da presidenta Dilma.
3. Contra a indústria e a soberania nacionais
Se o aspecto político da Lava Jato era perseguir a esquerda e criar um clima para a derrubada da presidenta Dilma, a operação tinha um objetivo econômico tão nocivo quanto este. Ao atacar a maior empresa brasileira, a Petrobras, e as grandes empresas da construção civil, como a Odebrecht, o objetivo era o de abrir caminho para a entrada das multinacionais imperialistas nos setores as grandes brasileiras se desenvolviam cada vez mais (petróleo e gás, construção civil, engenharia nuclear, etc.) Foi assim que a indústria naval, as grandes obras em portos espalhados pelo mundo e a exploração do pré sal foram liquidadas pela Lava Jato.
A operação foi responsável pela queda de mais de 3% do PIB e pela demissão de milhões de trabalhadores!
Agora, após cumprir seus objetivos políticos contra a esquerda e o País, a operação procura se reciclar, buscando uma imagem de isenção ao mover processos contra os tucanos. No entanto, isso é apenas propaganda! Contra essa manipulação completa da imprensa burguesa, é preciso esclarecer que não há uma Lava Jato boa e uma ruim, o “lavajatismo” é a Lava Jato e precisa ser extinta, assim como todos os seus processos.