Na última semana, o juiz Marcelo Bretas – uma espécie de Sérgio Moro do Rio de Janeiro – aceitou uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra um grupo de advogados que estariam envolvidos em um suposto esquema de desvio de dinheiro da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, do Sesc e do Senac, que formam o Sistema S do Rio.
Há 26 réus na ação e entre eles estão os advogados de Lula, Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, o filho do ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça, Eduardo Martins, além de Ana Tereza Basílio (advogada de Witzel) e Frederick Wassef (ex-advogado de Bolsonaro). A operação também envolveu busca e apreensão nos diversos escritórios de advocacia em que atuam os réus.
Os crimes realizados pelos advogados seriam os de realizar contratos de fachadas para trocas de favores entre eles e para desvio de dinheiro nas empresas do Sistema S. Segundo os investigadores, foram encontrados 43 indícios de ações criminosas, que vão desde tráfico de influência até corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A maior parte das acusações recaem sobre Cristiano Zanin e Eduardo Martins.
O que deu início ao caso foi a delação premiada de Orlando Diniz, que confirmou o suposto esquema de corrupção. A Lava Jato segue com seu modus operandi de extrair informações de testemunhas por meio de tortura psicológica e de construir seus casos em cima disso.
O que mais surpreende, no entanto, é o fato de que as denúncias sempre recaem sobre os inimigos políticos de um setor da burguesia. Esquemas de corrupção e de lavagem de dinheiro são feitos a torto e a direito em toda parte, por toda sorte de vigaristas, mas a Lava Jato faz questão de atingir o advogado de Lula. A perseguição política já está descarada.
Embora o judiciário esteja cheio de figuras nefastas como Sérgio Moro, os governos da direita sejam o paraíso da compra de votos, fraude eleitoral ou da troca de favores, a perseguição da Lava Jato procura poupar essas figuras e ir atrás de pessoas que estão no caminho dos objetivos políticos da direita.
Além disso, é importante ressaltar que ainda não há provas de nenhuma das acusações realizadas pelo juiz. Tudo que se tem é a delação premiada de Orlando Diniz, que pode muito bem ter sido induzida pelos investigadores para incriminar desafetos políticos, sendo o principal deles, naturalmente, os advogados de defesa de Lula.
Apesar de ser uma operação quase que totalmente desmontada pela burguesia, a Lava Jato segue atuando e precisa ser anulada o quanto antes. Suas irregularidades e ilegalidades já foram amplamente comprovadas e sua desmoralização diante da sociedade é profunda. Agora é preciso uma mobilização popular que peça seu fim e a anulação de todos os seus processos, além da libertação dos presos políticos.