Ciro Gomes é conhecido por sua lábia ensaboada. Fala uma coisa ali outra oposta aqui. Esta não é simplesmente uma característica do político burguês que ele é, mas é também a maneira que ele encontrou, sendo um político direitista, de se infiltrar na esquerda para confundir os incautos.
Tem sido assim durante todo o processo do golpe de Estado. Diz que foi contra o impeachment, mas ataca os governos do PT, diz que defende Lula, mas volta e meia afirma que Lula tem alguma culpa no cartório.
Ciro já declarou também que a Lava Jato deveria ter mais celeridade quando Palocci foi preso e submetido à delação premiada. Em 2017 afirmou “que a celeridade do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é positiva”, (oglobo.globo.com, 13/12/17).
Agora, a cada revelação dos vazamentos da Lava Jato, Ciro Gomes aproveita a situação para atacar Moro. Em entrevista ao Portal Zero Hora diz que “Sergio Moro é um canalha” e “um politiqueiro de quinta categoria”.
Mas mesmo assim, Ciro faz questão de atacar o PT e Lula. Segundo ele “Lula não é inocente” e o maior problema das revelações trazidas pelos vazamentos da Lava Jato não é a necessidade de anular os processos contra Lula e liberta-lo. Para Ciro Gomes o problema é justamente o oposto, o processo volta à estaca zero, “o processo do triplex, juridicamente, é fraco. Com esse conjunto de suspeição, o processo é nulo. Não é que Lula fique absolvido. Volta à estaca zero. A denúncia é fraca e a sentença é pior”, diz ele.
A Lava Jato não seria uma operação política para perseguir Lula. O problema é que deveria ter feito o trabalho mais bem feito, assim Lula teria ainda menos chances de sair da prisão.