Como consequência da crise que se aprofunda a cada dia, em diversos países da América Latina, a população está sendo obrigada a sair às ruas como única alternativa que restou para combater os ataques dos governos da direita, mesmo em meio à quarentena do coronavírus. Empurradas para uma espécie de limbo social, as camadas mais pobres não encontram outra opção senão o enfrentamento com os representantes dos capitalistas.
São inúmeros os locais onde as manifestações populares têm se desenvolvido. Pleiteando a distribuição de alimentos e ajuda financeira, moradores do bairro de El Bosque, sul da cidade de Santiago no Chile, foram às ruas para protestar. Na Bolívia, a população da região de El Alto, tem dado sequência a onda de protestos contra decisões da presidente fascista Jeanine Áñez, bloqueando a rodovia que liga essa demarcação à de Copacabana. Sem qualquer assistência por parte do governo, a população tem pedido permissão para trabalhar para não morrer de fome. Além disso, o povo exige que a mandatária golpista respeite o período de 90 dias estabelecidos por lei para a realização de eleições gerais, uma vez que o Executivo tem questionado.
Assim como no Chile, na Bolívia os protestos são dissolvidos com o que há de mais eficiente na máquina de guerra do Estado contra o povo: a polícia e seus blindados. No Haiti, os protestos têm colocado em xeque a estabilidade do governo, desde o final de 2019, e exigido a renúncia do presidente Jovenel Moïse. No Equador, aprofunda-se a política neoliberal enquanto a população passa fome e morre nas ruas. A cartilha neoliberal nunca foi tão clara: trata-se de um morticínio calculado, onde a cota que o Estado entrega aos capitalistas ignora as necessidades básicas da população e põe-se a multiplicar seus dividendos sob os cadáveres dos despossuídos.
Cientes do caráter reacionário e subserviente dos governos de direita ante aos interesses materiais dos capitalistas, as massas vêm sendo compelidas a tomar as ruas em uma crescente onda de protestos que vem tomando conta da América Latina. O agravamento da situação, não obstante, empurrará cada vez mais a população no sentido de um conflito com as forças reacionárias que se apoderaram do Estado. Uruguai, Peru e México também são alguns exemplos dessa tendência. Nem um pouco diferente de seus vizinhos, no Brasil, esse ensejo se manifesta apesar da política de capitulação da maior parte da esquerda, sendo ele espontâneo e candente.