A disputa pelo uso da terra sempre foi uma luta desigual para os trabalhadores do campo no Brasil. De maneira geral, esta luta sempre foi controlada por meio de promessas de governos passados, que “bradaram” sobre a organização e a Reforma Agraria, mas que falharam imensamente ao pensar que o fariam através do parlamento, dominado pela burguesia nacional.
Para piorar, desde o golpe de 2016 o acento coronelista do país tem calado ate mesmo estes “palanquistas” e mostrado cada vez mais que as condições políticas são favoráveis a eles, os latifundiários desse país.
Decorre-se desse cenário as varias ações truculentas dessa casta politica, que mais uma vez, nesta semana (11), realizou ação de despejo de trabalhadores sem terra, desalojando agora cerca de 140 famílias do Assentamento Renascer, localizado no município de Jussara, em Mato Grosso.
As famílias estão no local há cerca de 18 anos e durante todo este período vem sofrendo ações de despejo. Em 2014, passaram para parte da área, pertencente à União (Gleba Mestre I) e que possui cerca de 478 hectares.
No entanto, mesmo dessa forma, nessa ultima terça (11) estas famílias foram surpreendidas com a chegada de 40 policiais que vieram cumprir um mandado de reintegração de posse expedido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso (TJMT) em favor da Porto Seguros Negócios e Empreendimentos S/A, proprietária da usina de cana-de-açúcar Porto Seguro, que possui empreendimentos naquele local.
A ação do TJMT demonstra a total falta de zelo que a burocracia judicial brasileira tem com a população trabalhadora, visto que nem mesmo os requisitos mais básicos do ordenamento jurídico nacional esta comarca respeitou, tendo em vista que a área é reconhecidamente da União, e não sendo assim possível ser objeto de análise pela justiça estadual daquele ente federativo.
Outro ponto que chama a atenção é que esta decisão vem em favor de uma empresa cujo os prejuízos à população de Mato Grosso são imensos, tendo em vista que já foram julgados ate mesmo por esta própria burocracia judicial, como no caso em que foi condenada, em 2018, por danos morais coletivos, por explorar ao máximo cortadores de cana daquela região.
A ação dos policiais também demonstrou que há uma intenção clara em fazer com que aquela comunidade não tenha meios de sobreviver ali, pois além de destruírem casas os PMs também atacaram os animais e as plantações cultivadas pelas famílias.
É preciso reagir e reocupar a área, e para isso as organizações de esquerda devem se integrar a essa luta, não somente pelo “palanque” e com notas de repudio ou pelas instituições do estado. É preciso divulgar e denunciar atos fascistas como este, visto que principalmente neste momento o despejo ocorre em meio a uma pandemia, fazendo com que estas famílias não tenham a mínima condição de se defender dessa doença, que já fez mais de 200 mil mortos no país.