Há alguns dias chegou à Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados denúncia de que produtores rurais da Suiá Missú de Alto Boa Vista fizeram um requerimento endereçado ao presidente ilegítimo Jair Bolsonaro onde pedem entre outras coisas, a anulação da homologação da terra indígena de Maralwastsédé no MT, onde vive o povo Xavante.
Para reforçar seus pedidos, a burguesia rural coloca entre seus argumentos o discurso direitista do combate à corrupção, apontando a apuração de possíveis fraudes de funcionários da Funai. Este tipo de argumento é o mesmo aplicado pelos golpistas em 2016 e que é amplamente usado como discurso moral pela direita para atacar os direitos do povo.
A terra em questão foi homologada há décadas, em 1998 depois de muitos conflitos na região que já era ocupada pelos indígenas desde 1960, e embora homologada, só em 2013 foi entregue a posse plena da terra. A extrema direita, principalmente depois do golpe e agora em meio a um governo fascista, tem encontrado as oportunidades para avançar ainda mais contra a população, querer tomar um território indígena regularizado há mais de 20 anos é um indicativo disso.
A situação mostra mais uma vez como o povo está ameaçado e em meio a um governo como o de Bolsonaro não há garantia ou segurança alguma, muito menos quando se trata dos povos indígenas que são o retrato mais claro de como a direita massacra a população. Os indígenas possuem algumas das piores situações quando se trata de questões como a violência do estado, a fome, o desemprego, pobreza, acesso à saúde e educação; além é claro de estarem entre os que mais sofrem com os efeitos da pandemia, tendo inclusive o Índice de mortes maior do que o da população geral.
Embora a denúncia tenha sido feita à CDHM, não há dúvidas que não é a Câmara dos Deputados, um dos pilares do golpe, que irá solucionar o problema do povo Xavante. A Câmara pode até determinar que a homologação da terra seja mantida, mas não fará nada para de fato acabar com a ameaça constante que os povos indígenas no geral vivem de perderem suas terras para a burguesia rural e agrária.
A Câmara dos Deputados assim como tantas outras instituições do estado são sobretudo instrumentos que servem aos interesses de quem detém o poder, e enquanto a burguesia estiver no comando das instituições é a ela que vão servir. A única forma que os povos indígenas, a classe trabalhadora e a população pobre têm para enfrentar as investidas da direita é a mobilização popular.
O povo na rua é a única mensagem que atinge a burguesia, que tem medo da convulsão social contra ela. É preciso unir forças entre os oprimidos pelo regime burguês para que juntos e sem qualquer conciliação com seus inimigos imponham que suas necessidades sejam atendidas, o que começa inevitavelmente com o fora Bolsonaro e todos os golpista.