Em 27 de novembro de 2017, o grileiro Dirceu Kruger pediu ajuda de agentes da Polícia Federal para desocuparem sua “propriedade”, uma área de 5.000 hectares de terra em Boca do Acre, no sul do estado do Amazonas.
Ele contou aos funcionários da Superintendência da PF em Rio Branco (AC) que as terras estariam sendo invadidas e loteadas.
No entanto, as autoridades acabaram descobrindo que sua “propriedade” na verdade já havia sido invadida. E por ele mesmo. As terras eram da União e ele as havia grilado anos atrás. Seu depoimento foi revelado ontem (11) pelo jornal golpista O Globo.
Desde então, o Ministério Público Federal vem movendo ações penais contra ele. Em junho, foi denunciado pelo MPF por lavagem de dinheiro vindo de desmatamento ilegal e também já recebeu multas ambientais de R$ 44 milhões.
Na declaração aos agentes, Kruger admitiu a invasão ilegal que fez.
“Essas terras… eu descobri que ela estava lá solta, sem dono. Terra da união. E eu fui lá, abri estrada e me apossei dela. Não comprei de ninguém. Se o cara falar que eu comprei, não [é verdade]. Eu estava lá, eu fui olhar, era terra da União e eu fiz uma posse em cima dela. E comecei a mexer nela”, contou, citado pelo Globo.
Esse é apenas um exemplo de como funciona o esquema de grilagem de terras, e da hipocrisia dos fazendeiros e latifundiários. Invadem terras públicas, que são do Estado, e se apropriam delas para explorarem como parasitas.
Ao mesmo tempo, impedem qualquer tipo de acesso dos trabalhadores rurais ao usufruto minimamente digno dessas terras, sendo eles os responsáveis pela produtividade nessas terras.
Os latifundiários dizem que as terras são deles, que a propriedade rural seria um direito sagrado e intocável e que, portanto, eles têm o direito de proteger essa propriedade inclusive com o uso de armamento pesado e tropas fascistas, contra a ocupação por parte dos sem terra e camponeses pobres.
Mas são os mesmos latifundiários os que expropriam as terras do povo para as parasitarem para seus próprios fins. Terras públicas, de propriedade pública, do Estado brasileiro, mas cujos frutos e lucros são de benefício exclusivo dos parasitas.
Os movimentos de luta pela terra, dentre os quais o maior deles, o MST, devem aumentar as ocupações, porque é seu direito viver e trabalhar nessas terras gigantescas que são usadas de forma parasitária pelos latifundiários e grileiros.
Devem ter o direito, inclusive, de organizar sua autodefesa de armas na mão, uma vez que os latifundiários estão armados para massacrar os sem terra – e é isso que eles fazem.