O latifúndio marcou historicamente o Brasil com atraso e desigualdade. Na região nordeste essa presença sempre nítida acarretou fome onde a natureza era mais opulenta, ocasionando desigualdades em extremos sociais que persistem até hoje.
No sul do estado do Piauí existe uma fronteira entre áreas preservadas do cerrado e áreas exploradas pelo agronegócio. O avanço do território explorado pelo agronegócio sobre o cerrado está devastando áreas que eram ocupadas apenas por comunidade tradicionais, o cerrado ou savana brasileira é o segundo maior bioma da américa do sul
Nessa política de expansão da monocultura e pasto o agronegócio ataca as comunidades tradicionais trazendo a morte ao campo em proporções que representa um verdadeiro extermínio ao campesinato.
As famílias do Território Chupé, situado no município de Santa Filomena, denunciam serem alvo do latifúndio e estar em marcha uma escalada nos conflitos na região, com assédio e ameaças constantes às famílias dos territórios para que abandonem a região. Em um episódio o Sr. João Augusto Philippsen, acompanhado do advogado e de um capanga da fazenda, foram na casa de algumas famílias ameaçá-las e comunicar que iriam cercar as áreas da região de uso comum pela comunidade tradicional.
Denunciam ainda que, nessa campanha o latifundiário como numa guerra, chegou a envenenar uma fonte de uso cotidiano da comunidade com agrotóxico 2,4-D utilizado nas fazendas de soja nas proximidades do território. Temos que salientar que a fonte contaminada deságua no Rio Riozinho, que o mesmo, além de ser utilizado pelas famílias do território, é afluente do Rio Parnaíba, fonte hídrica relevo do Piauí e Maranhão.
O Território Chupé é localizado no município de Santa Filomena (PI), sendo constituído pelas comunidades de Barra da Lagoa e Chupé. Ocupam tradicionalmente essa região 17 famílias de ribeirinhos, às margens do Riozinho, vivendo da coleta dos frutos do Cerrado, da pesca, da agricultura camponesa, da criação de animais.
É visível que, com o golpe de estado de 2016 o conflito no campo tornou-se mais agudo, o ambiente com clima de estado de exceção foi um terreno fértil para a expansão do agronegócio em detrimento de comunidades tradicionais, quilombos e indígenas.
Na questão do agrária apenas a organização dos campesinos e seu direito de armamento para autodefesa podem parar os ataques dos latifúndios, bem como garantir a terra para os camponeses e comunidades tradicionais. Somente a mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo poderá solucionar a questão do campo.