Em 1995 houve uma matança de camponeses em Rondônia, conhecido pelo nome de “Massacre de Corumbiara”. A Polícia Militar era liderada pelo então Coronel José Hélio Cysneiros Pachá, que foi julgado e absolvido… e hoje é o atual Gerente de Integração de Segurança Pública da Secretaria de Segurança de Rondônia. No episódio, foram mortos 12 trabalhadores sem-terra, que estavam assentados no latifúndio Fazenda Santa Elina. Houve uma grande resistência dos camponeses, e em 2010 os camponeses tomaram posse novamente da Fazenda.
Em agosto de 2020, foi formado o acampamento Manoel Ribeiro (nome do vereador morto na porta de sua casa, por defender os camponeses em 1995), onde camponeses tomaram posse da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, última parte da Fazenda Santa Elina que fica no município de Chupinguaia, próximo a Corumbiara (essas informações nos dão a ideia do tamanho do latifúndio).
O acampamento Manoel Ribeiro tem cerca de duzentas famílias assentadas e desde a sua formação vem sofrendo ataques. A LCP (Liga dos Camponeses Pobres), fundada em 1999, é o principal movimento social pela reforma agrária do Estado, e coordena trinta acampamentos em Rondônia chamados de “Área Revolucionária”, e seu lema é: “Revolução Agrária”. A LCP denuncia que os ataques vêm da PM, de policiais/pistoleiros contratados pelos latifundiários, e do governo do Estado, na pessoa do coronel Marcos José Rocha dos Santos, governador bolsonarista de Rondônia.
Desde outubro de 2020, a LCP vem denunciando a articulação de um novo massacre pelos fascistas, e também as manobras que a PM vem fazendo para incriminar as famílias de camponeses, como sobrevoar a região de helicóptero jogando munição e armas, dizendo que tais armas foram usadas no assassinato de dois PMs pelos camponeses em uma emboscada. Fato é que onde foram jogadas tais munições e armas, não é o local onde os PMs foram mortos. Tudo forjado para incriminar as famílias.
É interessante saber que os 50 mil hectares ocupados pertencem à União e eram improdutivos, no entanto o “fazendeiro” Antônio Martins dos Santos, conhecido como Galo Velho, refere que as terras são suas, pois pertenceria a sua fazenda Norbrasil. Esse mesmo Galo Velho e seu irmão, foram presos em julho/2020 por formação de quadrilha, compra de documentos falsos para roubar terras públicas, e por compra de sentenças dando as terras improdutivas como produtivas, além de ter bloqueado mais de 300 milhões de reais. O Juiz Federal Herculano Nacif, da 5.º Vara Federal em Porto Velho, já falecido, julgava todos os seus casos, inclusive tendo sido o responsável por derrubar o processo da desapropriação da terra, desapropriação que já estava em curso no INCRA, à época.
Rondônia vive há anos uma verdadeira guerrilha, onde os grileiros e madeireiros tentam impor o tempo todo sua lei. Em 2018, Rondônia elegeu um governador bolsonarista coronel da PM, que por sua vez colocou um outro coronel da PM como gerente de integração da segurança pública do estado, dessa forma, “estatizando” a repressão, desconsiderando as resoluções do MP em relação ao indeferimento dos pedidos de reintegração de posse dos grileiros. Rondônia foi o terceiro estado do país em votos para o fascista Jair Bolsonaro.
Por sorte, a LCP representa a luta mais radical pela reforma agrária, e é de primordial importância que a esquerda brasileira se alie a essa luta, faça a denúncia do terrorismo que o governo fascista de Rondonia impõe aos camponeses que há décadas sofrem com opressão e assassinatos de sua gente. A organização da autodefesa dos camponeses por todo o Brasil é outro direito de total importância a ser discutido e viabilizado pela esquerda, pois num país de regime fascista, não existe lei que defenda o oprimido.
