Recentemente, Bolsonaro passou pelos Estados Unidos e não teve pejo em bater continência à bandeira daquele país. Agora, em mais uma cena cômica, o presidente eleito pelo golpe e pela fraude bateu continência dessa vez para o conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, assessor do presidente norte-americano Donald Trump, ao recebê-lo para em sua casa, no Rio de Janeiro, para um café da manhã, nessa quinta, 29/11.
Bolton é um político da extrema-direita dos EUA. Um dos grandes defensores e articulistas da invasão norte-americana do Iraque, que guarda especial predileção por atacar com virulência os “regimes comunistas latino-americanos”: “A “Troika da tirania”, esse triângulo de terror que se estende de Havana (Cuba), a Caracas (Venezuela) e a Manágua (Nicarágua), é a causa do imenso sofrimento humano, motivo de enorme instabilidade regional e a origem de um sórdido berço do comunismo no hemisfério ocidental”, afirmou em recente discurso.
Não é e nem poderia ser de se estranhar a predileção com que os Estados Unidos tratam o futuro governo do capitão. Bolsonaro é o candidato do golpe, que tem como seu centro justamente o imperialismo norte-americano. Embora o teor da conversa não tenha sido divulgada, aqui se trata apenas de revisar e receber novas ordens.
É algo que continua a confundir a esquerda, inclusive dos setores que de fato lutaram contra o golpe, é o caráter do governo Bolsonaro. A esquerda pequeno-burguesa, a fim de defender a sua política de capitulação diante do governo do capitão, tem insistido na tese esdrúxula de que existe uma mudança qualitativa com relação ao governo golpista de Temer e o governo eleito pelo mesmo golpe e pela fraude produzida por ele.
A própria relação de Bolsonaro com os EUA já deveria fazer com que a esquerda pequeno burguesa encontrasse uma outra desculpa para capitular. Muito se prega que o capitão daqui é o Trump de lá. Mentira. Embora ambos tenham semelhanças ideológicas fascistas, Trump tem uma política de tipo protecionista para seu país. Já o Trump daqui é um lambe-botas do de lá, adepto da política da ditadura militar de que “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”.
O capitão, assim como seu séquito de militares exaltam a nação, a pátria, a moral e a honra apenas como uma folha de parreira para deleite de uma classe média direitista idiotizada. Não passam de meros serviçais, verdadeiros capachos do imperialismo norte-americano.
A política de Bolsonaro é a continuação da de Temer. A liquidação do país em favor do imperialismo, dos bancos, do grande capital a eles associados. Na busca por impor o que o golpe quer não medirão esforços para destruir os partidos de esquerda, a começar pelo PT e todas as organizações dos trabalhadores.
Em política, caso não exista uma compreensão real das forças que impulsionam a luta de classes, o problema da correlação de forças entre as classes sociais antagônicas e daí os métodos corretos para se opor a partir da luta de classes, a possiblidade de ter uma política correta fica muito prejudicada.
Compreender as forças motrizes do golpe e ter uma política justa para se opor a ele, é a tarefa central do momento. Nesse sentido, a questão de quem “manda” no golpe, a perseguição ao PT e à proscrição de Lula, são questões-chave para mobilizar os trabalhadores contra a direita teleguiada pelos EUA, para derrotar o golpe e pelo fora Bolsonaro.