Nos últimos anos, países europeus como Espanha e Itália, potências imperialistas do esporte tem avançado sobre o futebol brasileiro, seu mercado, seu pé de obra e sua cultura em busca de lucros.
Antecedendo a Copa América de futebol na qual o Brasil se sagrou campeão, a Espanha deu mostras de que vai tentar invadir as terras tupiniquins e avançar sobre o futebol arte brasileiro. No mês de junho passado, entre 18 a 24 daquele mês , a LaLiga (Liga de futebol profissional espanhol) montou pela primeira vez na América do Sul e no Brasil, o “Space LaLiga”, uma grande área em um espaço de 250 metros quadrados, um grande investimento no Rio de Janeiro com visitas gratuitas à exposições, jogos e atrações interativas ligadas ao mundo do futebol. Todo este investimento veio para procurar desenvolver a influência espanhola no mercado brasileiro com venda de produtos, audiência das TVs espanholas e ampliação da falsa ideia do poderio espanhol na prática do jogo, dono de apenas um título mundial de futebol. O poderio espanhol não está na habilidade da prática do jogo, está no dinheiro, principalmente de Real Madrid e Barcelona, seguidos muito de longe por Atlético de Madrid.
O representante da Laliga, Daniel Alonso, destacou na ocasião alguns dos interesses: “ A aceitação do torcedor brasileiro tem a ver com a proximidade cultural e do tipo de futebol que é jogado na Espanha. Lá é mais técnico, futebol bonito, estilo brasileiro. Os brasileiros se adaptam bem, por conta desse jogo de toque, mais artístico. O fã também gosta mais do futebol jogado na Espanha por isso. Temos tradição com grandes jogadores brasileiros, como Ronaldo, Romário, Ronaldinho Gaúcho. Isso também gera essa paixão, essa proximidade com os times espanhóis.” Finalizou ressaltando a importância destes eventos integrar os brasileiros ao futebol espanhol. Segundo ele, o Brasil é um país importante para o crescimento da competição(LaLiga) pelo mundo.
Outro objetivo de LaLiga e de seus poderosos clubes é obter influências junto à CBF, às federações e aos próprios clubes de futebol brasileiros, para que desde cedo eles já tenham facilidade na descoberta e no contato com os talentosos jovens jogadores espalhados pela base(clubes e campeonatos onde jovens de 11 a 19 anos buscam seu espaço). Os astutos dirigentes espanhóis sabem que o Brasil foi o país que mais produziu os melhores jogadores do mundo jogando em seus clubes. E será melhor pegá-los no berço do que dispender enormes fortunas para aquisição dos craques brasileiros. Veja a relação a seguir:
Romário (1994 pelo Barcelona), Ronaldo (1996 por Barcelona da Espanha / 1997 por Inter de Milão da Itália/2002 pelo Real Madrid), Rivaldo(1999), Kaká(Milan em 2007, vencendo a Messi e Cristiano Ronaldo naquela ocasião), Ronaldinho Gaúcho(2004 e 2005 pelo Barcelona), Roberto Carlos (2° melhor do mundo em 1997, pelo Real Madrid da Espanha), Neymar não engrossou ainda essa lista, em razão da própria perseguição imperialista das potências do mercado europeu, ao grande craque brasileiro do momento; além destes uma enormidade de outros grandes jogadores brasileiros vestiram as camisas dos gigantes espanhóis e fizeram história, entre eles Didi, Robinho, Luis Pereira(Que virou ídolo do Atlético de Madrid), Denilson. Nos últimos 24 anos, nada menos que 8 títulos de melhores jogadores do mundo foram para brasileiros, ou seja, um terço de todas as conquistas mundiais, são de grandes jogadores do país do futebol arte. Isso porque na época de Pelé, Ademir da Guia, Rivelino, Zico entre outros, este troféu não existia e, diga-se de passagem, só chegam a este título os jogadores que jogam na Europa.
Vários grandes clubes europeus já mantém grandes “escolinhas de futebol” em solo brasileiro, um destes exemplos são Barcelona, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro e Internazionale de Milão, com unidades em Recife-PE e em Cotia-SP.
Exemplo interessante é a escolinha do Barcelona em São Paulo, a “Barça Academy” que tem como objetivo a implementação da metodologia usada em La Masia, o centro de treinamento das categorias de base do clube na Espanha, mostrando claramente a tentativa de impor o estilo de jogo espanhol baseado no controle de jogo através de passes (como ficou conhecido na Espanha e no mundo, o Tiki Taka), em contraposição ao estilo brasileiro de futebol arte, onde se mescla, o drible, a ginga, os passes, os malabarismos numa só sinfonia. Segundo informações, as escolinhas do Barcelona atendem “preferencialmente” a classe média, pois para lá jogar,o garoto e sua família precisam dispender de no mínimo 500 reais mensais.
No Brasil também se faz necessário, a luta pela manutenção e ampliação dos campos de futebol de várzea, cada vez mais, extintos pelos interesses imobiliários e mercantis, assim como a construção de parques, quadras e outros espaços onde a juventude brasileira possa ter acesso ao lazer e a prática de jogos e esportes, em especial o futebol, paixão do povo. Assim como políticas públicas que incentivem a prática do esporte. No entanto, essa luta também passa pela luta contra o golpe e a derrubada de Jair Bolsonaro e todos os golpistas.