Na última quinta (1º), um grupo de trabalhadoras se reuniu em frente à Prefeitura de Marataízes no estado do Espírito Santo, em protesto a uma decisão judicial de reintegração de posse.
A ação movida pela prefeitura, deixará trinta pessoas desabrigadas e segundo a própria prefeitura, foi promovida porque as pessoas acusadas ocuparam casas populares que ainda estavam em construção no bairro Portal de Marataízes.
Muitas mulheres chefes de família realizaram a denúncia da ação criminosa do poder público de desalojar pessoas na pandemia. Elas e suas famílias, que já teriam direito a morar no local, viram-se obrigadas a ocupar antes da liberação da prefeitura, devido à demora da entrega do conjunto habitacional e por estarem sem ter onde morar e não receberem nenhum tipo de auxílio moradia ou aluguel até a entrega.
Muitas mulheres postaram vídeos em redes sociais, nos quais denunciam a ação do prefeito Tininho (PDT) de não oferecer o aluguel social e cestas básicas. O procedimento da prefeitura, se fosse seguido, além de deixar as pessoas sem ajuda as deixaria também sem teto, ou seja, totalmente vulneráveis.
Além de denunciaram o prefeito, as mulheres apontam também as ameaças feitas sobre o uso da força para desabrigar as famílias, inclusive com a presença de Tropa de Choque para cumprir o mandado judicial e o tratamento violento dispensado aos moradores.
Uma das mulheres citou ainda em sua fala a questão da pandemia, apontando o descaso e absurdo que é desabrigar trabalhadores e suas famílias e jogá-los na rua em um momento de crise sanitária gravíssima, em que o País caminha para 350 mil mortos.
As mulheres trabalhadoras são as mais afetadas pela decisão, são a grande maioria das chefes de família do local e foram acertadamente às ruas para protestar contra a decisão da burguesia e dos órgãos de Estado de expulsá-las das suas próprias casas.
A situação contradiz a propaganda da imprensa de que as mulheres devem se apoiar nas instituições do Estado para resolver seus problemas. A grande realidade é que são estas instituições que atacam as mulheres nas mais diversas situações.
No momento mais avassalador da pandemia as mulheres brasileiras são a maioria entre as desempregadas, as que mais exercem trabalho mal remunerado, enfrentam jornadas duplas ou triplas de trabalho e ainda estão à mercê da violência estatal e doméstica sem nenhum tipo de proteção.
A única forma de resolver esses problemas impostos pela crise da pandemia e do capitalismo, principalmente para as mulheres mais pobres, é, como foi feito em Marataízes: as mulheres se organizarem e se mobilizarem contra a burguesia em favor dos seus próprios interesses.