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Avanço da extrema-direita no campo: justiça bolsonarista quer despejar acampamento do MST com mais de 10 anos

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou mais uma denúncia esta semana, mostrando o avanço dos bolsonaristas contra a organização. Desta vez, no Pará, região do conflito agrário, controlada pelos latifundiários.

Mais de 200 famílias estão ameaçadas de despejo no Acampamento Dalcídio Jurandir, em Eldorado dos Carajás. Nesta mesma região, há mais de 20 anos atrás os grandes proprietários de terra, junto com o Estado, realizaram o massacre de 19 pessoas.

O acampamento ameaçado de despejo existe desde 2008, e está localizado na antiga fazenda Maria Bonita do banqueiro e latifundiário Daniel Dantas. O local comercializa mais de 170 toneladas nos municípios de Xinguara, Redenção, Rio Maria e outros em volta. Além da produção de mais de 180 litros de leite por mês.

Vale ressaltar também que o acampamento “conta com 53 tanques de criação de peixes e uma diversidade de mais de 45 tipos de frutas, verduras, leguminosas, hortaliças e criações que são comercializados nas feiras e mercados das cidades” (MST).

Isso tudo é produto de mais de 10 anos da existência do acampamento.

As famílias que ali habitam escreveram um manifesto sobre a ameaça de despejo.

 

Leia na íntegra:

 

Manifesto das famílias ameaçadas de despejo do Acampamento Dalcídio Jurandir

Somos, 212 famílias que vivem no Acampamento Dalcídio Jurandir em Eldorado do Carajás (PA) e estamos ameaçadas de despejo.

Ocupamos a fazenda Maria Bonita em 25 de julho de 2008, no Dia do Trabalhador Rural, para denunciar o grande escândalo de corrupção nacional que envolvia o banqueiro e latifundiário Daniel Dantas. A ação tinha como mote “Reforma Agrária na terra dos corruptos”. Entendemos que as terras fruto de processos de lavagem de dinheiro devem ser destinadas aos trabalhadores.

A Agropecuária Santa Bárbara que exige a reintegração de posse, pertencente ao grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. Fundada em 2005, a Agropecuária Santa Bárbara tem cerca de 500 mil hectares de terras nas regiões Sul e Sudeste do Pará para criação de gado e cultivo de milho e soja, porém a aquisição dessas propriedades é de origem duvidosa, além dos históricos de violência no campo com inúmeras denúncias de agressões, pulverizações de venenos e tentativas de assassinatos aos trabalhadores.

Daniel Dantas foi acusado pela Polícia Federal de liderar uma organização criminosa. Ele foi acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Durante a Operação Satiagraha (desencadeada no ano de 2008), o banqueiro foi condenado a mais de 10 anos de prisão, porém, uma reviravolta no caso pôs fim a pena.

Existimos e resistimos nesse território a mais de 10 anos e nele produzimos alimentos saudáveis, criamos pequenos animais e criamos gado leiteiro para consumo próprio e para abastecer o comércio da cidade de Eldorado dos Carajás e municípios vizinhos.

São mais de 184 mil litros de leite por mês produzido no nosso Acampamento, parte da produção é destinada ao consumo das famílias, mas uma parte importante (cerca de 175 mil litros) é comercializada no próprio município de Eldorado e outros centros comerciais da região.

Parte das 174 toneladas de farinha produzidas aqui são comercializadas em Eldorado, Xinguara, Redenção, Rio Maria, Curionópolis e outros municípios. O Acampamento ainda conta com 53 tanques de criação de peixes e uma diversidade de mais de 45 tipos de frutas, verduras, leguminosas, hortaliças e criações que são comercializados nas feiras e mercados das cidades próximas ao Dalcídio gerando renda e fortalecendo a economia local.

O despejo do Acampamento Dalcídio Jurandir expulsará 212 famílias do seu território, mas também empobrecera outras tantas famílias que vivem em torno do consumo e da venda dos alimentos produzidos neste Acampamento.

Durante esses anos construímos a escola Carlito Maia que tornou-se um dos espaços mais importantes do nosso acampamento, hoje a escola atende 175 alunos entre eles nossos filho e filhas e crianças das comunidades vizinhas. MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – PARÁ Secretaria Estadual – Marabá – Pará Folha 27, quadra 05, lote 27 “Se calarmos, as pedras gritarão!”

Nossos filhos estão no meio do ano letivo e o despejo trará consequências perversas a vida escolar, a interrupção do ano letivo implica diretamente na formação de crianças e jovens que, assim como nós, sonham com um mundo mais digno.

Com muito esforço também construímos nossas casas, as casas de farinha, poços artesianos, contudo sabemos que a história da Agropecuária Santa Barbara é de destruição e devastação, nos últimos despejos eles têm feito questão de deixar tudo no chão, passam o trator por cima de tudo até nada mais restar.

O que está em jogo não é apenas um pedaço de chão, são mais de 10 anos de vida, de sonhos de construção e vivência coletiva que podem desaparecer.

Lutamos e resistimos nesse território porque consideramos justa a nossa luta por terra, trabalho e pão.

Consideramos que a terra deve ser destinada a quem nela trabalha, pois, essa terra para nós significa nossa própria existência.

Manifestamos ainda nosso desejo de que o juiz da vara Agrária de Marabá, respeite as leis e as resoluções, pois a justiça deve estar ao lado do povo.

Exigimos que o Estado cumpra com seu papel de proteger os trabalhadores para que tenha valor a vida humana, a cidadania e a vida camponesa.

Vivemos nesta terra de sonhos na construção da terra prometida, do mundo novo, de vida repartida.

Não vamos a deixar de ser promotores de educação, de saúde, de cultura, de trabalho verdadeiro para voltar a ser escravos dos desmandos de empresas e megaprojetos. A nossa dignidade não tem preço.

A liberdade ninguém nos deu, mas nós a conquistamos lutando mesmo com o nosso sangue e construindo vida no campo com nosso suor.

No próximo dia 11 de junho, uma audiência na Vara Agrária de Marabá decidirá nosso futuro, diante de tantas injustiças. Não podemos nos calar, nem aceitar qualquer violação dos nossos direitos!

Nós, Famílias do Acampamento Dalcídio Jurandir, Resistiremos!

Lutar: Construir Reforma Agrária Popular!

Acampamento Dalcídio Jurandir, Eldorado do Carajás

Junho de 2019

O avanço dos bolsonaristas

Como foi afirmado em diversas outras matérias deste jornal, com a ascensão dos bolsonaristas e, sobretudo, com a chegada de Bolsonaro à presidência da República, os latifundiários fascistas intensificaram a repressão contra os sem terras.

Na terça-feira (11/06), morreu na mesma região do Pará (Rio Maria) o líder Sem Terra, Carlos Cabral. Na semana anterior, no dia 5 de junho, o militante sem terra Aluciano Ferreira dos Santos foi assassinado em Pernambuco.

A situação para os trabalhadores do campo está ficando cada vez mais complicado. Isso por conta do avanço do fascismo no Brasil. Também na Itália, os fascistas começaram atacando as organizações proletárias do campo, por conta de seu caráter mais disperso. Assim com na Itália, os latifundiários brasileiros já detém milícias fascistas que realizam o trabalho sujo de assassinato, repressão e tortura contra os sem terras.

O número de despejos de sem terras e de assassinatos de líderes e militantes do movimento de luta pela terra aumentaram com o avanço do golpe de estado. Por isso, é preciso mobilizar os sem terras contra todos os golpistas. Unificar a luta dos trabalhadores da cidade e do campo em torno das palavras de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”, “Eleições Gerais Já!” e “Liberdade para Lula”. Apenas desta forma será possível conter o avanço da extrema-direita.

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