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Juruna e Wagner Gomes

Centrais patronais fazem campanha dos golpistas pela Frente Ampla

É com o intuito de conter essa polarização que dirigentes de centrais sindicais patronais escreveram um artigo no jornal GGN intitulado “Frente ampla, ao invés de polarização”

Com a soltura de Lula, o tema da polarização política voltou para o centro do debate político. Naturalmente, pressionado por sua base, Lula tem apresentado uma política radicalizada, opondo-se duramente ao governo Bolsonaro. Quando ele estava preso, setores da esquerda pequeno-burguesa e burguesa procuravam impor às organizações operárias e populares uma Frente Ampla com partidos da direita. Ainda estão nessa tentativa, mas com a soltura de Lula, que naturalmente polariza, tornou-se algo mais complicado.

É com o intuito de conter essa polarização que dirigentes de centrais sindicais patronais escreveram um artigo no jornal GGN intitulado “Frente ampla, ao invés de polarização”, escrito por João Carlos Juruna – da central direitista Força Sindical – e por Wagner Gomes, secretário-geral da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB). 

Levando adiante a campanha da imprensa golpista, os dirigentes sindicais fazem um apelo à política da conciliação de classes. Falando sobre o PT e o Lula de 2002, que ascenderam por meio de um acordo com setores fundamentais dos capitalistas brasileiros e internacionais, os sindicalistas afirmam que “aquele PT, que fez uma heterogênea coligação com conservadores, como o PL e o PMN, além de obter apoio de grupos ligados a outros partidos conservadores, como o PP, o PTB e o PMDB, mostrou que estava pronto para trabalhar com outros setores da sociedade, além do seu nicho de esquerda, e conseguiu chegar à vitória e governar tentando ser progressista num mundo capitalista.”

Apresentam isso como se fosse algo bom, ou melhor, apresentam isso como se fosse algo viável nos dias atuais. Segundo eles, com seus discursos radicais, que foram feitos logo após ter saído do cárcere, Lula “cai na armadilha da polarização, rebaixando-se ao jogo bolsonarista”, “retrocedendo” à época “em que era um radical, intransigente”. O problema, entretanto, não é que Lula esteja caindo em uma armadilha ou esteja retrocedendo no tempo.

Primeiro, vale ressaltar que a polarização política expressa na figura de Lula é totalmente natural. Ocorre que a desagregação do regime político, que permitia uma política conciliação e a predominância do centro, já não permite mais tais coisas. Com os diversos golpes que ocorreram na América Latina e no mundo fica muito claro que a direita não está buscando um acordo com a esquerda, muito pelo contrário, foi ela mesmo que levou a uma ruptura institucional em todos os países. O caso da Bolívia e as recentes eleições no Uruguai deixam isso muito claro; por mais que o MAS, de Evo Morales, e a Frente Ampla, de Pepe Mujica, tenham tentado conciliar com a direita, isso apenas levou a uma profunda derrota da esquerda nestes países.

Na Bolívia, foram abertamente para um política golpista, mobilizando setores da extrema-direita e das Forças Armadas para massacrar a população. No Uruguai, os militares ameaçaram o país caso a direita não fosse vitoriosa do processo eleitoral. No Equador, por exemplo, onde a esquerda realizou um acordo com o governo de Lenin Moreno, os trabalhadores foram em seguida reprimidos pelo próprio governo. Ou seja, fica muito claro que a direita está em uma ofensiva contra a esquerda – a escolha de Bolsonaro para a presidência do país apenas deixa isso mais claro.

Com esta ruptura do centro político, é natural que aprofunde-se a luta de classes. Naturalmente, se a direita parte para cima dos trabalhadores e de suas organizações, a tendência é que estas reajam, em um processo em que o antagonismo entre a classe trabalhadora e a burguesia torna-se cada vez mais evidente. A polarização, desta forma, é um processo que se dá de forma espontânea com a desagregação do regime burguês.

Lula, assim, está simplesmente refletindo a radicalização de sua base política, que é majoritariamente operária e popular. Esta base, por sua vez, se radicalizou com o golpe de Estado e com os ferrenhos ataques da direita que assumiu o governo, primeiro com Temer, em seguida, com Bolsonaro.

O fim da polarização política, sendo assim, diante das condições políticas existentes no país, é inviável. Estão certos, então, aqueles que polarizam, pois os que ficam no meio do caminho são ultrapassados pela situação. 

A lógica do artigo dos sindicalistas é invertida. Eles afirmam que, polarizando, o PT “pode perder”, e continuam: “Ficou claro nas últimas eleições que muitos eleitores, no segundo turno, votaram em Bolsonaro ou anularam o voto para não votar no PT. Isso traz à discussão um fator fundamental: o antipetismo.”

Primeiro de tudo, vale afirmar que o “antipetismo” é um mito criado pela direita. Os únicos setores que apresentam-se como “antipetistas” são justamente os golpistas e os fascistas bolsonaristas, que não são nem de longe a maioria da população.

Ao contrário do que afirma o artigo, o PT, sem Lula, perdeu votos. Enquanto estava polarizando com os golpistas e a direita, o PT, com Lula, mantinha-se no topo das pesquisas eleitorais, podendo inclusive ganhar de Bolsonaro no primeiro turno. Por isso, fizeram de tudo para impedir que Lula concorresse às eleições. Já com a candidatura de Fernando Haddad, que procurou o tempo todo conciliar com a direita, e cuja candidatura em si foi fruto de uma conciliação política de não levar a candidatura de Lula até o fim, a derrota foi clara.

Mas os sindicalistas afirmam que “o ideal, acima da mesquinhez de interesses partidários, é construir uma frente progressista mais heterogênea.””Precisamos fortalecer o campo progressista na política brasileira. Mas precisamos buscar melhorar este campo, deixando de lado, de uma vez por todas, o ranço do sectarismo e o espírito de gueto.”

Entrelinhas, o que querem dizer com “frente progressista mais heterogênea” e deixar “de lado o ranço do sectarismo” é que querem uma frente com partidos golpistas que se autointitulam progressistas, como o PDT, o PSB e o PSDB – e até mesmo o DEM de Rodrigo Maia.

Pra que serve, então, a Frente Ampla contra a polarização? Para fazer um acordo com a direita, que não quer um acordo. Porém, por mais que pareça algo contraditório, não o é. Com o acordo, as organizações de luta dos trabalhadores se submetem à política da direita, fazendo que que não haja um verdadeira política de combate e mobilização. A direita, por sua vez, aproveita a passividade para atacar as próprias organizações da esquerda, como aconteceu no Equador e em outros países da América do Sul.

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