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Julgamento oral a Cristina Kirchner, resultado de processos sem fim

Buenos Aires, 22 mai (Prensa Latina) Cristina Fernández, presidenta da Argentina durante oito anos (2007-2015), senadora, política, enfrenta pela vez primeira um julgamento oral, resultado de uma das várias causas abertas contra ela em meio a uma investida judicial sem precedentes.

 

A imagem ontem que alguns meios hegemônicos deste país queriam capturar, a ex-mandatária sentada no banco dos réus pelo caso Vialidad, sobre suposta corrupção na obra pública durante sua gestão, é só mais um capítulo do que ela mesma tem vindo denunciando nos últimos meses.

Por quatro votos a favor e um contra, a Corte Suprema tinha decidido adiar na semana anterior o julgamento para que ela recebesse todo o expediente, a pedido da defesa de Fernández, mas, finalmente, decidiu seguir adiante.

A jornada de ontem foi seguida com riqueza de detalhes pelos meios televisivos, apenas dois dias depois da ex-presidenta ter anunciado de maneira inesperada, deixando alguns atônitos, que acompanharia como pré-candidata a vice-presidenta seu ex-chefe de Gabinete Alberto Fernández, quem disputará o assento da Casa Rosada neste ano de eleições gerais.

Tranquila, com a cabeça erguida e uma roseta branca e azul no paletó azul marinho que vestia, foi como a viram chegar aos Tribunais de Comodoro Py, cumprimentando inclusive as câmeras. Minutos antes, os canais de televisão a tinham seguido desde a saída de sua casa, onde tinha uma onda de admiradores que lhe mandavam seu abraço. No fundo, retumbava uma palavra de ordem: Cristina é do povo. Somos Kristina, assim alteraram com K seu nome nos cartazes de diversos rostos que foram se solidarizar com a viúva do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, o peso de um sobrenome que desperta paixões neste país.

Já tinha escrito horas antes uma mensagem que difundiu em suas redes sociais onde, uma vez mais sem restrições, como é de costume com ela, enfatizou que iria a um julgamento oral ao qual jamais deveria ter sido citada.

Trata-se de um novo ato de perseguição com um único objetivo: colocar uma ex-presidenta opositora a este governo no banco dos réus em plena campanha presidencial, destacou em sua mensagem.

E acrescentou que a citação é ‘uma denúncia efetuada pelo governo de Mauricio Macri sobre obras públicas levadas a cabo inteiramente na província de Santa Cruz’.

Não se trata de uma denúncia original, mas de uma reciclagem de denúncias desde 2008, armadas por deputados da Coalizão Cívica, nas quais Comodoro Py (em referência aos tribunais) se declarou incompetente no ano 2011 e a justiça de Santa Cruz as descartou por inexistência de delito, argumentou.

Fernández explicou em seu comunicado que se trata de licitações de obras públicas realizadas por um órgão provincial que depende do ministério de economia e do governo da província.

‘Jamais tive intervenção alguma nos expedientes administrativos que se realizaram por cada uma destas obras. Entre a Presidência da Nação e as obras denunciadas existem 12 instâncias administrativas de caráter nacional e provincial’, deixou claro em seu escrito, difundido no twitter e no facebook.

Antes da imagem que esteve se transmitindo ininterruptamente nos principais noticiários, a dela sentada em uma das salas de Comodoro Py, Cristina reafirmou que os julgamentos devem procurar a verdade.

‘Claramente não se trata de fazer justiça. Só armar uma nova cortina de fumaça que pretende distrair os argentinos e as argentinas – cada vez com menos sucesso – da dramática situação que vive nosso país e nosso povo’, denunciou.

Ali nessa sala, rodeada de câmeras, estavam as aguerridas Avós e Mães da Praça de Maio. De um lado Taty Almeida com seu lenço branco, das Mães da Praça de Maio-Linha Fundadora, à sua esquerda Estela de Carlotto, a presidenta das Avós.

Do outro, Hebe de Bonafini, presidenta das Mães da Praça de Maio e também presente estiveram integrantes do grupo Filhos e netos recuperados junto a lideranças políticas, sociais e sindicais que foram apoiar a ex-presidenta.

No auditório, sentado no banco, 12 acusados, entre eles o ex-ministro de Planejamento, Julio De Vido, hoje preso por outra causa aberta em seu contra.

O que foi vivido ontem, com a imagem de uma líder política que há poucos dias protagonizou um momento impactante, quando milhares de pessoas a acompanharam na apresentação de seu livro ‘Sinceramente’ embaixo de chuva, para muitos foi puro circo, como o descreveu o deputado e dirigente sindical Hugo Yasky.

Em declarações à imprensa, o ex-diretor Geral da Agência Federal de Inteligência, Oscar Parrilli qualificou como lamentável e medíocre este julgamento contra a ex-mandatária, que hoje tem causas abertas que vão desde supostos delitos de associação ilícita até considerar uso indevido o fato de viajar no avião presidencial durante seu governo.

Tudo isto parece mais uma novela, é muito baixo. Cristina, disse, é acusada por ter governado o país, querem convertê-la em uma delinquente, estas barbaridades jurídicas não têm paralelo na história.

Para Hugo Yasky, também secretário geral da Central de Trabalhadores de Argentina (CTA) há muita fome e dor do povo e querem ocultar tudo. É uma causa armada, não deixaram lugar para as provas, estamos em presença de uma manobra de perseguição política e não a perdoam por ter governado para os que menos têm, argumentou ao canal C5N.

O ex-chanceler Jorge Taiana, quem também esteve presente para acompanhar Cristina, pediu que se garanta o direito à defesa e que se estabeleça a verdade mas, disse, que a justiça não se transforme em um apêndice do poder político, de vingança e perseguição.

Desde que terminou seu mandato em 2015, contra Fernández foram abertos 11 causas por supostos delitos de corrupção e inclusive o promotor Germán Moldes solicitou à câmera federal o processo contra a senadora, a quem se referiu como ‘chefa’ de uma suposta associação ilícita.

A própria ex-presidenta pediu várias vezes que fosse realizada uma auditoria da obra pública durante sua gestão em todas as instâncias judiciais, o que foi negado, e tem denunciado que na Argentina de hoje se usa o poder judicial como um elemento de perseguição e neutralização de líderes populares.

Depois de três horas de audiência, a jornada de ontem passou a um quarto intermediário até a próxima segunda-feira e, segundo o portal Página 12, estima-se que a leitura poderia tomar ao menos mais três jornadas.

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