O chavismo foi vitorioso nas eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela realizadas no dia 06 de dezembro. Em torno de 91% dos assentos do Parlamento serão ocupados pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados políticos, que terão direito a 227 assentos em um total de 277 cadeiras. A posse dos novos deputados está prevista para 05 de janeiro de 2021.
Diante da esmagadora derrota, a direita pró-imperialista venezuelana se organizou para tentar deslegitimar o processo eleitoral. No plano internacional, a União Europeia emitiu comunicado em que afirmava não reconhecer os resultados da eleição. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil assinou nota conjunta em que não reconhece a legitimidade das eleições parlamentares com outros quinze países do continente americano, incluindo Chile, Canadá e Colômbia. Os Estados Unidos manifestaram seu descontentamento com a vitória dos chavistas.
O deputado Juan Guaidó, atual presidente da Assembleia Nacional, propôs a prorrogação do mandato da atual legislatura pelo período adicional de um ano. A ideia é impedir a posse dos novos deputados, o que faria a direita perder o controle do poder legislativo, adquirido nas eleições de 2015. Os governos da Alemanha e Estados Unidos declararam que vão continuar a apoiar Guaidó como líder da oposição.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia elogiou as eleições, chamando-as de “transparentes”. Irã e Turquia enviaram representantes para acompanhar as eleições. Os ex-presidentes Rafael Correia (Equador) e Evo Morales (Bolívia) participaram como observadores.
Em 2019, Juan Guaidó se autoproclamou como presidente da Venezuela, na sequência da vitória de Nicolás Maduro (PSUV) por ampla maioria na eleição presidencial. O bloco imperialista mundial, liderado pelos Estados Unidos, prontamente reconheceu o deputado como o “presidente interino” do país sul-americano. O golpista autoproclamado tentou organizar rebeliões nas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) e incentivar deserções entre os militares, porém sem obter o êxito esperado. O apoio do governo Jair Bolsonaro e das Forças Armadas brasileiras aos golpistas na Venezuela é conhecido.
As Forças Armadas Bolivarianas permanecem leais ao governo constitucional chavista e se prontificaram a combater pela soberania nacional e contra a intervenção estrangeira. Em diversas ocasiões, Guaidó fez menção à necessidade de intervenção militar para derrubar o governo Maduro. Em um evento ocorrido no Congresso dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump (Partido Republicano) proclamou Guaidó, que estava presente, como o “verdadeiro presidente da Venezuela”.
A prorrogação do mandato da atual legislatura na Assembleia Nacional é um golpe de Estado, uma fraude e manipulação política. Guaidó e a direita imperialista tentam manter o controle do legislativo, mesmo que isto signifique cometer fraude contra os direitos democráticos do povo, que elegeu os deputados alinhados com o chavismo para representá-los.
Não há o menor motivo para que a população aceite que os novos deputados sejam impedidos de tomar posse em 5 de janeiro. As forças chavistas devem convocar a população às ruas para impedir esta manobra antidemocrática e fraudulenta. Como em todos os lugares, a direita tem medo do povo e seguramente recuará diante das mobilizações.
O regime político venezuelano é tachado de “ditadura” pela imprensa capitalista. Contudo, um político que articula uma intervenção de uma potência estrangeira, conspira para entregar as riquezas naturais do país e frauda os direitos democráticos previstos na legislação, deveria estar preso. Que espécie de ditadura é essa, que garante tal nível de liberdade política? O fato é que os vendilhões da pátria – há muito – deveriam estar presos.
O imperialismo mundial tem como uma de suas prioridades a derrubada do governo bolivariano. Ao fim, trata-se de instalar um governo satélite, que assumirá a forma de uma ditadura, que permitirá a pilhagem das abundantes reservas de petróleo existentes no país. Toda a fraseologia vazia sobre “democracia” e “direitos humanos”, repetida cotidianamente pela imprensa capitalista, visa ocultar os reais interesses do imperialismo, que só podem se realizar com a mudança no regime político. A direita venezuelana tem relações estreitas com o imperialismo, pela qual é financiada e protegida. Juan Guaidó, Henrique Capriles, María Corina Machado são agentes diretos do imperialismo no interior do país.
A esquerda latino-americana deve se mobilizar em repúdio contra a tentativa de golpe na Assembleia Nacional. Os deputados chavistas, eleitos pelo povo, devem tomar posse na data prevista. Os direitos democráticos do povo devem ser defendidos contra as investidas do bloco imperialista e seus lacaios.