A possível transferência de Reinier do Flamengo para o Real Madri é mais um episódio de aliciamento precoce do futebol europeu sobre o futebol brasileiro. Tal prática gera dois problemas, por um lado a dificuldade de formar uma liga ainda mais competitiva do que já é, por outro a falta de estrutura e até mesmo marketing dos nossos jogadores quando chegam à Europa.
Vamos começar explicando sobre o valor agregado do atleta. Muitos jogadores brasileiros de talento notório costumam sair daqui antes mesmo de gerarem uma certa identificação com os torcedores brasileiros, algo que poderia valorizar seus passes e até mesmo gerar uma maior receita aos clubes. Além disso, diferentemente de estrelas europeias questionáveis que ganham notoriedade apenas por terem jogado em algum clube grande da Europa, nossos futebolistas são vendidos e se promovem exclusivamente pelo seu futebol.
É o caso em que certa vez o ex-lateral Cicinho relatou sobre Ronaldo Fenômeno, mesmo no auge, ser alvo de críticas e sugestões da imprensa espanhola para que fosse reserva de Raul, um atacante que na época era muito mais limitado. Diferentemente da imprensa brasileira, acostumada a ser sabujo do imperialismo mesmo em assuntos esportivos, na Europa valoriza-se o atleta nacional mesmo quando a inferioridade de um nativo a um estrangeiro é lógica. Ou seja, Reinier, assim como Ronaldo Fenômeno e tantos outros tem a seu favor apenas o talento e pior, tendo ainda apenas 17 anos, uma responsabilidade enorme que não recai sobre os europeus.
O outro problema apresentado é a competitividade da liga, um talento como Reinier, que embora tenha sido pouco visto no ano de 2019, nas 14 partidas em que participou do Campeonato Brasileiro fez 6 gols e duas assistências, seria um concorrente e até mesmo inspiração para os atletas brasileiros, afinal é jogando contra os melhores que se desenvolvem os atletas.
Apesar disso, o futebol brasileiro, mesmo sob constante assédio financeiro ou mesmo desvalorização da imprensa, permanece sendo um polo de formação de grandes futebolistas. O assédio imperialista ao nosso futebol precisa ser detido.