Está internada no hospital da cidade de Campo Mourão/PR, uma jovem de 23 anos que foi autuada por infanticídio, após realizar um aborto no último domingo no hospital da cidade de Janiópolis-PR. A jovem confessou o “crime”, e as circunstâncias ao qual o mesmo aconteceu mostram o desespero da jovem diante da situação. A mulher teria realizado o parto do feto dentro do hospital e o deixado no lixo do banheiro. Ainda não se sabe se o feto nasceu vivo ou morto, mas a jovem já foi indiciada pela polícia por infanticídio, e pode ficar presa de 2 a 6 anos de prisão.
Mais uma vez, a direita coloca em último lugar quais os motivos e por que a mulher decidiu fazer uma escolha aparentemente tão desesperada, sem amparo algum, e ainda por cima além de todos os traumas, a mulher ainda sai criminalizada e pode até ficar reclusa, carregando mais traumas psicológicos e sem receber nenhum auxílio quanto a isso. Mais uma demonstração que a mulher não tem direito nenhum de escolha e por muitas vezes pode ser criminalizada por suas decisões.
A jovem, após confessar o ocorrido, passou mal e levada ao hospital de Campo Mourão. Além disso, a mesma afirmou que não estava fazendo uso de remédios abortivos.
Quando a sociedade controlada pelos conservadores se depara com esse tipo de situação, a primeira coisa que é colocada como importante é apenas o nascimento do feto ou a sua morte. Em nenhum momento alguém se pergunta do por que a jovem tomou tal atitude, quais seus estados psicológicos, econômicos e se essa era mesmo a sua vontade.
Além disso, diariamente, a mulher precisa lidar com hipócritas como por exemplo a declaração de Ciro Gomes no programa Roda Viva, em que classificou a questão do aborto como identitária e secundária, e que nenhuma mulher no Brasil era presa ou condenada por realizar aborto, o que podemos ver com vários e vários casos que é claramente o contrário, inclusive esse da jovem de Janiópolis. A falsa moralidade e a política repressora da direita é mais clara no caso da jovem quando é destacado que a mesma faz parte de uma família tradicional diretamente ligada a Igreja Católica no município.
A questão do direito ao aborto é algo que deve ser colocado como reivindicação primária na sociedade, pois ela é uma forma de emancipação da mulher, que deve ter o direito de escolha sobre a maternidade e tudo aquilo que nela se implica como questões financeiras e psicológicas. Para tanto, parte fundamental desta campanha é a luta pelo fora Bolsonaro, contra a direita golpista.