Da redação – Na madrugada do último domingo (09), um jovem de 19 anos foi assassinado por policiais militares na Zona Sul de Recife. William da Silva chegou a ser levado ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo relatado por testemunhas, os policiais invadiram um baile funk iniciando um tumulto que acabou com a dispersão dos jovens. Em seguida, cercaram William, que tentava apaziguar a situação, alvejando-o no peito sem qualquer chance de defesa. A tragédia só não foi maior por causa da ação de um comerciante local, que abriu as portas de seu estabelecimento, dando guarida aos outros jovens desesperados.
Joyce da Silva, mãe de William, disse em entrevista ao Diário Aqui (PE), que, segundo relatos, seu filho foi baleado por tiros dados a esmo pela polícia e que, além de omitirem socorro, os agentes da lei impediram que amigos da vítima o ajudassem.
A exemplo do ocorrido no episódio paulista que ficou conhecido como Chacina de Paraisópolis, os policiais agiram de maneira sádica e organizada, o que afasta a desculpa de “despreparo”. Dada a quantidade galopante de execuções realizadas pelas PMs de todo o país, também é insustentável dizer que se tratam de fatos isolados.
Não há na PM, ainda, uma pretensão culturalista de livrar a sociedade do funk, já que a repressão se manifesta contra o carnaval, contra religiões de matriz africana, contra sindicatos e partidos de esquerda, contra campesinos, indígenas e contra qualquer entidade social que não se alinhe com as políticas da extrema direita.
Luto e Luta
O enterro de William aconteceu na terça-feira (14) e foi marcado pelo inconformismo de amigos e familiares. A morte do jovem, entretanto, transcendeu o lamento e uma manifestação foi realizada na manhã do dia 15. A opressão contra o povo, é uma via de mão única e, cedo ou tarde, transforma o medo e a exasperação em revolta e luta.
Assim, para além do caráter de denúncia, é necessário que as organizações progressistas e os partidos de esquerda conduzam o povo para a única forma de luto que comove a burguesia: a mobilização popular. É necessário que as segundas e terças-feiras – dias em que cada dia mais os pais pobres enterram seus filhos mortos em festas e bailes – sejam tomadas pela incontível revolta contra o governo dos milicianos. Afinal, para grande parte da população, o Fora Bolsonaro e a expulsão do bolsonarismo não é uma questão acadêmica ou de mera conveniência, mas sim um passo determinante entre viver e morrer.