Em apoio ao zagueiro Álvaro González, o meia Dimitri Payet, também jogador do Olympique de Marseille, fez uma postagem provocativa contra Neymar. A partir de uma foto de um grupo de rap de Marselha, o meia francês postou uma montagem onde o rosto de Neymar é colocado no corpo de um cachorro que é segurado pelo zagueiro que chamou o craque brasileiro de “mono hijo de p..” (literalmente, “macaco filho da p..”).
No começo do último jogo entre Olympique de Marseille e Paris Saint-Germain, ao defender o companheiro de time Di Maria Neymar sofreu a primeira ofensa racista pelo zagueiro do Olympique. O brasileiro imediatamente denunciou o ocorrido à arbitragem, que não fez absolutamente nada.
O famigerado VAR não foi usado nem para punir as ofensas racistas nem para marcar um pênalti sofrido por Neymar, tudo isso antes do único gol da partida, que deu a vitória ao time da casa. Deixando clara a seletividade dessa ferramenta tecnológica, que supostamente seria imparcial, o VAR foi usado para expulsar o craque brasileiro, por um cascudo na cabeça do racista em meio a uma confusão generalizada no final do jogo, que terminou com 5 jogadores expulsos.
O zagueiro espanhol Álvaro González é um simpatizante do partido de extrema-direita espanhol VOX. O jogador segue e curte publicações de Santiago Abascal, presidente do partido que surgiu de uma ruptura à direita do Partido Popular (PP), do ditador fascista Francisco Franco.
Para rebater as denúncias de racismo, o jogador postou também uma foto com jogadores negros do próprio time. Uma ação demagógica da qual até Jair Bolsonaro já fez uso, ou seja, que não serve para redimir ninguém.
É interessante notar que, diferentemente de outros casos de racismo que são denunciados energicamente, o caso de Neymar vem enfrentando uma grande campanha de descrédito. Em consonância com o que este Diário discute recorrentemente, o tratamento ao melhor jogador do mundo é sempre diferente. A própria tranquilidade com a qual os jogadores do Olympique de Marseille continuaram provocando Neymar é um sintoma desse tratamento diferenciado.
Alguns procuraram resgatar, desonestamente, uma declaração do menino Ney que aos 18 anos declarou que nunca havia sofrido racismo porque não era negro. Mesmo que ele ainda pensasse assim, o que ficou bastante claro que não, isso jamais poderia ser usado para relativizar uma ofensa racista.
Neymar, aos 28 anos, postou em rede social: “Eu sou negro. Filho de negro. Neto e bisneto de negro. Tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém”. O que falta para a esquerda defender Neymar?