O candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, Joe Biden, declarou à imprensa nesta quarta-feira (23) que o comparecimento do eleitorado negro às urnas será fundamental para a sua eleição e para a reversão das desigualdades econômicas e sociais que afetam a população negra no país.
O candidato, em uma conferência com negros na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte, disse que a igualdade dos negros na sociedade só seria possível se o negro constituir riquezas, e que para isso ser possível, a população negra deveria votar nele. “Há apenas uma maneira de fazer isso. Precisamos aparecer e votar”, declarou o candidato na ocasião.
Anteriormente, Joe Biden declarou que quem é negro e vota em Donald Trump não é negro. A um locutor de rádio Biden disse: “Bom, digo que se alguém tem dúvidas sobre eleger a mim ou a Trump, então não é negro”. Em outros contextos, o candidato disse ser mais popular entre o eleitorado negro que o ex-presidente Barack Obama, de ascendência afro-americana. Recorrentemente, Biden busca se atrelar à população negra e se oferecer como panaceia dos problemas desse setor da população norte-americana.
O que o candidato faz, na verdade, é se utilizar da questão racial nos Estados Unidos, que neste momento é um fator de imensa mobilização social, para fazer demagogia eleitoral. O que torna essa manobra repugnante, além do vazio político característico da demagogia eleitoral, é o fato de Joe Biden não ser ser um representante dos interesses da população negra, muito pelo contrário.
Joe Biden, diante da revolta da população negra pelo assassinato indiscriminado de pessoas negras pela polícia, não pronunciou uma palavra de apoio sequer à revolta dos negros e ao movimento Black Lives Matter (vidas negras importam). Ao invés disso, declarou apoio à polícia e expressou preocupação com a desestabilização do regime político profundamente racista e repressor da população negra.
Para fazer demagogia com a população negra, Joe Biden indicou ao cargo de vice-presidente a procuradora da Califórnia e senadora Kamala Harris, uma mulher negra que, longe de defender os direitos democráticos da população negra, foi incansável defensora do encarceramento da juventude negra em sua carreira jurídica. As taxas de encarceramento subiram na Califórnia sob a gestão de Kamala na procuradoria-geral do Estado. Isto é, Kamala Harris é apenas um truque publicitário para enganar incautos, em especial pessoas influenciadas pelo identitarismo, que enxergam no fato dela ser uma mulher negra uma grande virtude, embora sua política seja reacionária.
Ao contrário do que acredita parte da esquerda, Joe Biden não é um candidato “progressista” ou “democrático”, mas sim um representante do setor mais agressivo do imperialismo norte-americano. Joe Biden foi o vice-presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, eleito na chapa do Partido Democrata com Barack Obama. Foi, portanto, o nº2 na administração responsável pela guerra na Síria, na Líbia e no Iêmen, pelos golpes de Estado de Honduras, Paraguai, Ucrânia e Brasil, e pela política extremamente agressiva contra a Rússia, a China, a Venezuela, o Irã e a Coréia do Norte, isso para dar alguns exemplos.
Recentemente, Joe Biden declarou que a política de Trump para a Venezuela foi um “fracasso abjeto” pelo fato do atual presidente não ter derrubado Nicolás Maduro. Também criticou a estagnação da operação de ataque ao regime político cubano iniciada por Barack Obama. Isso prova que Joe Biden pertence ao setor linha-dura do imperialismo, e portanto é um candidato nada democrático, quem dirá de esquerda ou socialista.
Por tudo isso, Joe Biden só tem a oferecer aos negros dos Estados Unidos e do mundo: demagogia, repressão, pobreza e morte. Portanto, não existe saída eleitoral nos Estados Unidos. Tanto Biden quanto Trump levam a cabo uma política imperialista, sendo que Biden seria até pior que Trump nesse aspecto. O caminho é a organização da população negra e da população trabalhadora em geral em um partido político dos trabalhadores, em oposição à ditadura bipartidária que vigora atualmente nos Estados Unidos.