Uma empresa do grupo JBS/Friboi fez mais uma vítima em suas dependências devido às péssimas condições de trabalho. Desta vez foi Itamar Bedin, técnico eletromecânico, 45 anos, que morreu em um acidente de trabalho em um frigorífico da JBS/Seara no município de São José (SC), às 19h45 da última quinta-feira (25).
Conforme artigo no sitio da Central Única dos Trabalhadores publicado na última segunda-feira (01), o óbito ocorreu enquanto ele fazia a manutenção do chiller de resfriamento, também conhecido como conjunto industrial frigorífico. Segundo relatos de trabalhadores no local, Bedin teria escorregado e ficado com o pescoço travado entre o helicoide – superfície em formato de hélice, dentro do chiller – e a parede do equipamento.
Casado e pai de dois filhos, Bedin formou-se técnico eletromecânico pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em 2003, tinha várias certificações na área e trabalhava na empresa desde novembro de 2019.
O atestado médico, incluído na Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) emitida pela empresa no dia 26, informa que o trabalhador sofreu asfixia, seguida de parada cardíaca. Ainda segundo o documento, Bedin atuava como mecânico de manutenção.
A situação é recorrente
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação da Grande Florianópolis e Vale do Rio Tijucas (Sitiali), Tiago da Silva Fernandes informou que, “em 2017, na mesma fábrica, morreu um trabalhador terceirizado eletrocutado em cima do forro do escritório do RH da empresa, quando ele fazia manutenção”.
Conforme o artigo, o médico do trabalho, Roberto Ruiz já presenciou acidentes envolvendo o chiller e relata que “acidentes no chiller podem causar traumatismos diversos no corpo humano”, descreve. “Pude acompanhar alguns casos em que o trabalhador conseguiu se salvar, mas ficou com sequelas graves em vários locais do corpo, que vão desde a região do crânio (traumatismo craniano) a fraturas de braços e pernas.”
A JBS/Friboi é considerada como campeã de acidentes e doenças ocupacionais no país, no entanto, não se preocupa em resolver os problemas das péssimas condições de trabalho em seus frigoríficos. Para esses criminosos, que só conseguem ver os cifrões nas contas bancárias, os trabalhadores devem ser tratados como verdadeiros escravos, aos moldes do período colonial.
Quando da pandemia do coronavírus, os frigoríficos do grupo JBS/Friboi foram os primeiros a registrarem casos e, apesar da imprensa capitalista não divulgar, os representantes dos trabalhadores recebem constantemente relatos de operários contaminados e até hoje são vitimados.
A resposta pronta
No entanto, diante das inúmeras irregularidades dentro de suas fábricas, o grupo JBS/Friboi tem sempre uma resposta, um documento pronto para tentar disfarçar as atrocidades que cometem com seus funcionários. A exemplo da morte do técnico Itamar, onde diz que “a prioridade da empresa no momento é prestar toda a assistência e solidariedade aos familiares e colegas de trabalho”, diz nota enviada pela JBS à reportagem, lamentando a ocorrência.
Essa nota é um verdadeiro deboche contra a os familiares da vítima e contra os trabalhadores de conjunto. As mortes nas fábricas são resultado do descaso dos patrões, e, diante de tal postura, é preciso mobilizar os trabalhadores para ocuparem as fábricas e controlar a produção, única medida capaz de acabar com danos contra a saúde e a vida dos trabalhadores.